A edição original em Francês do Ano Litúrgico de Don Guéranger listou 28 de janeiro como o dia da festa de São Carlos Magno, que a Igreja permitiu que fosse celebrado em algumas aldeias Alemãs. Edições posteriores da mesma obra omitiram aquele dia de festa.
Apresentamos aqui para benefício dos nossos leitores a oração composta pelo renomado liturgista em homenagem a Carlos Magno:
"Salve, ó Carlos, bem-amado de Deus, Apóstolo de Cristo, defesa de sua Igreja, protetor da justiça, guardião dos costumes, terror dos inimigos do nome Cristão!
"O diadema maculado dos Césares, mas purificado pelas mãos de Leão, coroa a vossa fronte augusta; o globo do Império repousa em vossa forte mão; a espada dos combates do Senhor, sempre vitoriosa, está suspensa em vosso cinturão; e a unção imperial veio se unir à unção real, com a qual a mão do Pontífice já tinha consagrado vosso braço poderoso.
Acima, Carlos Magno oferece a Capela Real de Aix-la-Chappelle a Nossa Senhora e Nosso Senhor. Abaixo, a Basílica de Aix-la-Chappelle
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“Transformado na figura de Cristo na Sua Realeza temporal, quiseste que Ele reinasse em vós e por meio de vós. Ele vos recompensa agora do amor que tivestes por Ele, do zelo que mostrastes pela sua glória, do respeito e da confiança que testemunhastes à sua Igreja. Em troca de uma realeza terrena, caduca e perecível, recebestes uma realeza imortal no seio da qual tantos milhões de almas, arrancadas por vós da idolatria, vos honram como instrumento de sua salvação.
“Nesses dias em que celebramos o nascimento de Nosso Senhor por Nossa Senhora, vós lhe apresentais o templo gracioso e magnífico que construístes em sua honra [Aix-la-Chapelle], e que ainda hoje é objeto de nossa admiração. Foi nesse santo lugar que vossas mãos piedosas colocaram os panos de seu Divino Filho. Em retribuição, o Emanuel quis que vossos ossos sagrados ali repousassem com glória, a fim de receberem o testemunho da veneração dos povos.
“Glorioso herdeiro da fé dos três Reis Magos do Oriente, apresentai-nos aquele que se dignou revestir-se desses humildes tecidos. Pedi para nós uma parte dessa humildade com a qual gostáveis de vos inclinar diante do Presépio, dessa piedosa alegria que enchia vosso coração nas solenidades que celebramos, desse zelo ardente que vos fez empreender tantos trabalhos pela glória do Filho de Deus, dessa força que não vos abandonou nunca na conquista de seu Reino.
“Poderoso Imperador, que fostes outrora o árbitro da família europeia inteiramente reunida debaixo de vosso cetro, tende piedade dessa sociedade que hoje desmorona em todas as partes. Depois de mil anos, o Império que a Igreja havia posto em vossas mãos caiu. Tal foi o castigo de sua infidelidade à Igreja que havia fundado. Mas as nações ficaram, e se agitam na inquietação. Só a Igreja pode lhes devolver a vida por intermédio da fé; só ela continua a depositária das nações de direito público; somente ela pode regular o poder e consagrar a obediência.
“Ó Carlos Magno, Fazei que brilhe logo o dia em que a sociedade, restabelecida em suas bases, deixará de pedir às revoluções a ordem e a liberdade. Protegei com um amor especial a França, o mais rico florão de vossa esplêndida coroa. Mostrai que sois sempre seu Rei e seu pai. Detende os progressos dos falsos impérios que se elevam ao norte, baseados no cisma e na heresia, e não permitais que os povos do Sacro Império se tornem para sempre suas presas.”
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