Personalidades
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O elo contrarrevolucionário nas três obras de São Luís de Montfort
Pediram-me que demonstrasse a conexão entre as três obras de São Luís Grignion de Monfort: Tratado sobre a Verdadeira Devoção a Maria, que trata de Nossa Senhora; Carta aos Amigos da Cruz, que se dirige àqueles que apreciam a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo; e O Amor da Sabedoria Eterna que comenta o Livro da Sabedoria. Não encontrei nesses livros nenhuma indicação de que São Luís Grignion tivesse conhecimento da concordância que agora explicarei.
Havia, sem dúvida, certa unidade entre esses livros, pois São Luís Grignion de Montfort tinha um único objetivo ao escrever os três. Normalmente – embora haja exceções – uma mente inteligente que produz várias obras tem uma intenção comum de que motiva seus esforços. Portanto, devemos nos perguntar qual era esse nexo – talvez não totalmente explícito – na mente de São Luís Grignion de Montfort.
A meu ver, podemos dizer que esse elo reside na posição do Santo contra os erros de sua época. A época em que viveu colidiu violentamente com suas ideias e apostolado. Vimos como ele lamentou seu extremo isolamento, como todos os poderosos da época lutaram contra ele e buscaram destruir seu apostolado por meio do silêncio e da zombaria.
Essa época foi caracterizada pelos defeitos da nascente Revolução Francesa, que só se agravaram desde então. Quando estudamos as obras de São Luís Grignion, vemos que elas, na verdade, se posicionam contra esses erros. Com esse conjunto de livros, ele pretendia reagir contra a época.
Essa reação revela sua unidade, pois há uma unidade nos defeitos daquela época. Há pelo menos uma unidade implícita nas obras para refutar e combater os três erros. É aqui que encontramos a concordância entre as obras de São Luís Grignion de Montfort.
Verdadeira Devoção: um contra-ataque ao jansenismo
Quais foram os erros da época? Na esfera religiosa, o jansenismo foi o mais flagrante. Pode-se dizer que a vasta maioria do episcopado francês era jansenista e conspirava para se separar de Roma. Eles contavam com o apoio de inúmeros clérigos e, portanto, de um vasto número de fiéis.
São Luís viveu quando a disputa sobre o jansenismo ainda estava no auge (final do século XVII e início do século XVIII. O jansenismo foi uma doutrina inventada por Jansenius, bispo de Ypres, e publicada em seu livro póstumo chamado Augustinus. Nele, ele reformulou todos os erros de Calvino sob o pretexto de lidar com questões de graça.
Os erros de Calvino que nos interessam diretamente são os do protestantismo: livre exame das Escrituras, rejeição da veneração a Nossa Senhora, aos santos e à Sagrada Eucaristia e, especialmente, oposição odiosa contra a devoção a Nossa Senhora. Também, erros relativos à predestinação, como ele afirmou que todos os homens nascem predestinados para o Céu ou o Inferno.
Quando Deus cria um homem para ir para o inferno, Deus o força a ser ruim no momento da morte e o envia para o inferno, mesmo que ele tenha amado a Deus durante toda a sua vida. Por outro lado, se ele blasfemou contra Deus durante toda a sua vida, mas Deus o criou para ir para o Céu, Deus o converte à força na hora da morte, e ele acaba indo para o Céu.
A religião jansenista era tipicamente triste, hipocondríaca e sombria, instilando uma espécie de horror a todos os prazeres lícitos da vida. Como se pode ver ao consultar figuras da época retratando Calvino e sua posterior seguidora, Mère Angélique, a famosa madre superiora de Port Royal, eles eram frios e inundados por um terrível mau humor.
Vemos que o Tratado da Verdadeira Devoção colide violentamente com o jansenismo e o calvinismo ao afirmar o papel de Nossa Senhora na Igreja da forma mais poderosa e sublime imaginável. Ele leva a devoção a Nossa Senhora ao extremo máximo da teologia católica.
Isso significa que sua obra não é apenas de reação, mas de ultra-reação. Diante do erro, proclama a verdade da forma mais brilhante, enérgica e radical imaginável. Ele ensina que o homem deve se entregar e se tornar completamente escravo de Nossa Senhora para obter a salvação.
O livro de São Luís Grignion também combate as outras premissas do calvinismo e do jansenismo, pois demonstra que não há predestinação como Calvino a definiu, e que a predestinação autêntica reside naqueles que seguem Nossa Senhora, a quem Ela ama e apoia. Todos são chamados a praticar essa devoção e, assim, as portas do céu se abrem diante dele.
Em outras palavras, a religião de São Luís Grignion é profundamente oposta à de Calvino e Jansenius. Enquanto São Luís Grignion é um santo vivo, enérgico, ardente e combatente, ele também é uma alma alegre e luminosa. Ele fala sobre o Céu e Nossa Senhora com alegria e paz de espírito, o exato oposto do Calvinismo.
O amor à Cruz se opõe à suavidade dos tempos
Outra tendência presente neste momento era o horror à cruz de Jesus Cristo. Olhando para as obras de arte da época, vemos que elas são dominadas pela ideia de prazer. Todos os personagens são retratados sorrindo e prontos para dançar. Vestidos de baile são especialmente bonitos.
A linguagem era de gala e celebração. Eles retratam pessoas que queriam viver apenas para o prazer frívolo e superficial, sem seriedade ou grandeza de alma; a vida não era nada além de prazer e diversão.
Isso se percebe nas cores que usavam, que se tornavam cada vez mais claras e cintilantes. Eram cores belíssimas, mas emolientes para a alma: um rosa-rosado que quase se desvanece em creme e branco; um azul tão suave e delicado quanto o azul do amanhecer; um verde como a grama nova que surge. Todos os tons assumiam nuances claras e cintilantes para nutrir uma mentalidade de otimismo descontraído, superficial e frívolo.
A Carta aos Amigos da Cruz é precisamente o oposto desse espírito. Ensina o amor à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor ao sacrifício, e instila a determinação de suportar os males mais graves por amor a Nosso Senhor e de lutar e levar as coisas a sério. A Carta é uma imensa lição de seriedade, em choque frontal com a crescente fragilidade do mundo, que culminou na derrubada de antigas instituições na iminente Revolução Francesa. Essa fragilidade afetou até mesmo o clero.
Por exemplo, em gravuras ou pinturas de padres e bispos da época, eles estendiam a mão para ser beijada como se fossem marqueses. Eles abençoavam com a mão branca e gordinha. Muitos colocavam as mãos em pasta de amêndoa por horas para torná-las muito brancas e bonitas ao abençoar. O Papa Pio VI também fazia isso.
Todos os seus gestos eram delicados; por exemplo, eles empunhavam seus báculos mais ou menos como uma marquesa floreava sua longa bengala embelezada em marfim com ouro e fitas para caminhar no parque. Eles faziam tudo com esse tônus. Assim, a Carta aos Amigos da Cruz é uma rejeição radical e estrondosa da frivolidade da época que fazia parte da Revolução.
Por causa da mentalidade da época, as pessoas estavam mais preocupadas em usar fórmulas corretas do que com a substância do que diziam. Era mais importante que uma frase fosse brilhante do que conter a verdade.
Era mais importante ser divertido do que sério. As conversas de salão mais brilhantes e encantadoras adotaram cada vez mais o que os franceses chamam de badinage, um discurso encantador que salta elegantemente de um assunto para outro enquanto ri com pseudo-superioridade da seriedade e profundidade de tudo.
Em vez de buscar a verdade, em vez de amar a sabedoria, a mente humana amou precisamente o oposto: a frivolidade. Assim, o tratado sobre O Amor da Sabedoria Eterna é uma refutação da superficialidade idiota que estava sendo introduzida naquela que talvez fosse a sociedade mais brilhante que existiu até então.
Assim, se entende que os três livros reagiram aos erros da época, que desempenharam um papel decisivo na eclosão da Revolução Francesa.
Como é bem sabido, os jansenistas apoiaram a Revolução Francesa; essa frivolidade e a sede de prazer debilitaram o clero e a nobreza, tornando-os inúteis na luta contra a Revolução; a falta de sabedoria fechou os olhos da nobreza e do clero, de modo que não puderam prever a Revolução vindoura. Por essa razão, foram incapazes de implementar políticas que a teriam impedido.
Pode-se dizer com certeza que, se São Luís Grignion tivesse sido ouvido, a Revolução não teria eclodido. Ela não teria eclodido principalmente porque a fervorosa devoção a Nossa Senhora traz todo o bem e, portanto, teria trazido um renascimento da religião.
Esse renascimento religioso teria bloqueado o caminho para o Iluminismo, a Enciclopédia e o ceticismo. Teria, assim, cortado os tendões da hidra revolucionária, que teria entrado em colapso.
Não sei até que ponto São Luís de Montfort estava ciente disso. Ainda assim, para aqueles que conhecem a história francesa, isso é claro. São Luís de Montfort publicou três livros de grande profundidade e valor que, infelizmente, tiveram repercussões mínimas.
Se tivessem sido ouvidos, teriam impedido a Revolução. Veja, então, que a luta contrarrevolucionária é o que une esses livros. Eles são uma magnífica obra preventiva da Contra-Revolução sofística nas ideias, enquanto, ao mesmo tempo, combatem a Revolução tendencial.
A prova é que a Revolução Francesa não eclodiu nas regiões onde a congregação fundada por São Luís Grignion difundiu sua doutrina e uma fervorosa devoção a Nossa Senhora. Pelo contrário, a Contra-Revolução nasceu lá.
A Revolução Francesa eclodiu em lugares não alcançados por sua influência. Assim, se pode ver como sua pregação era realmente a pregação da Contra-Revolução. É aí que reside o elo com as obras de São Luís Grignion de Montfort.

São Luís-Maria de Montfort 1673-1716
A meu ver, podemos dizer que esse elo reside na posição do Santo contra os erros de sua época. A época em que viveu colidiu violentamente com suas ideias e apostolado. Vimos como ele lamentou seu extremo isolamento, como todos os poderosos da época lutaram contra ele e buscaram destruir seu apostolado por meio do silêncio e da zombaria.
Essa época foi caracterizada pelos defeitos da nascente Revolução Francesa, que só se agravaram desde então. Quando estudamos as obras de São Luís Grignion, vemos que elas, na verdade, se posicionam contra esses erros. Com esse conjunto de livros, ele pretendia reagir contra a época.
Essa reação revela sua unidade, pois há uma unidade nos defeitos daquela época. Há pelo menos uma unidade implícita nas obras para refutar e combater os três erros. É aqui que encontramos a concordância entre as obras de São Luís Grignion de Montfort.
Verdadeira Devoção: um contra-ataque ao jansenismo
Quais foram os erros da época? Na esfera religiosa, o jansenismo foi o mais flagrante. Pode-se dizer que a vasta maioria do episcopado francês era jansenista e conspirava para se separar de Roma. Eles contavam com o apoio de inúmeros clérigos e, portanto, de um vasto número de fiéis.

Os erros de Calvino, à esquerda, foram retomados pelos jansenistas; à direita, Mère Angélique, Superiora de Port Royal, foco do jansenismo
Os erros de Calvino que nos interessam diretamente são os do protestantismo: livre exame das Escrituras, rejeição da veneração a Nossa Senhora, aos santos e à Sagrada Eucaristia e, especialmente, oposição odiosa contra a devoção a Nossa Senhora. Também, erros relativos à predestinação, como ele afirmou que todos os homens nascem predestinados para o Céu ou o Inferno.
Quando Deus cria um homem para ir para o inferno, Deus o força a ser ruim no momento da morte e o envia para o inferno, mesmo que ele tenha amado a Deus durante toda a sua vida. Por outro lado, se ele blasfemou contra Deus durante toda a sua vida, mas Deus o criou para ir para o Céu, Deus o converte à força na hora da morte, e ele acaba indo para o Céu.
A religião jansenista era tipicamente triste, hipocondríaca e sombria, instilando uma espécie de horror a todos os prazeres lícitos da vida. Como se pode ver ao consultar figuras da época retratando Calvino e sua posterior seguidora, Mère Angélique, a famosa madre superiora de Port Royal, eles eram frios e inundados por um terrível mau humor.

A Verdadeira Devoção defende o papel e a honra de Nossa Senhora, atacados pelos jansenistas e protestantes da época
Isso significa que sua obra não é apenas de reação, mas de ultra-reação. Diante do erro, proclama a verdade da forma mais brilhante, enérgica e radical imaginável. Ele ensina que o homem deve se entregar e se tornar completamente escravo de Nossa Senhora para obter a salvação.
O livro de São Luís Grignion também combate as outras premissas do calvinismo e do jansenismo, pois demonstra que não há predestinação como Calvino a definiu, e que a predestinação autêntica reside naqueles que seguem Nossa Senhora, a quem Ela ama e apoia. Todos são chamados a praticar essa devoção e, assim, as portas do céu se abrem diante dele.
Em outras palavras, a religião de São Luís Grignion é profundamente oposta à de Calvino e Jansenius. Enquanto São Luís Grignion é um santo vivo, enérgico, ardente e combatente, ele também é uma alma alegre e luminosa. Ele fala sobre o Céu e Nossa Senhora com alegria e paz de espírito, o exato oposto do Calvinismo.
O amor à Cruz se opõe à suavidade dos tempos
Outra tendência presente neste momento era o horror à cruz de Jesus Cristo. Olhando para as obras de arte da época, vemos que elas são dominadas pela ideia de prazer. Todos os personagens são retratados sorrindo e prontos para dançar. Vestidos de baile são especialmente bonitos.
A linguagem era de gala e celebração. Eles retratam pessoas que queriam viver apenas para o prazer frívolo e superficial, sem seriedade ou grandeza de alma; a vida não era nada além de prazer e diversão.

Uma vida tomada pela paixão, pelo prazer e pelas frivolidades, e pela aversão à Cruz
A Carta aos Amigos da Cruz é precisamente o oposto desse espírito. Ensina o amor à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor ao sacrifício, e instila a determinação de suportar os males mais graves por amor a Nosso Senhor e de lutar e levar as coisas a sério. A Carta é uma imensa lição de seriedade, em choque frontal com a crescente fragilidade do mundo, que culminou na derrubada de antigas instituições na iminente Revolução Francesa. Essa fragilidade afetou até mesmo o clero.

São Luís pregou a Cruz de Cristo e foi perseguido por isso pelo clero de sua época
Todos os seus gestos eram delicados; por exemplo, eles empunhavam seus báculos mais ou menos como uma marquesa floreava sua longa bengala embelezada em marfim com ouro e fitas para caminhar no parque. Eles faziam tudo com esse tônus. Assim, a Carta aos Amigos da Cruz é uma rejeição radical e estrondosa da frivolidade da época que fazia parte da Revolução.
Por causa da mentalidade da época, as pessoas estavam mais preocupadas em usar fórmulas corretas do que com a substância do que diziam. Era mais importante que uma frase fosse brilhante do que conter a verdade.
Era mais importante ser divertido do que sério. As conversas de salão mais brilhantes e encantadoras adotaram cada vez mais o que os franceses chamam de badinage, um discurso encantador que salta elegantemente de um assunto para outro enquanto ri com pseudo-superioridade da seriedade e profundidade de tudo.

Um convite à busca da Sabedoria em vez da frivolidade superficial dos tempos
Assim, se entende que os três livros reagiram aos erros da época, que desempenharam um papel decisivo na eclosão da Revolução Francesa.
Como é bem sabido, os jansenistas apoiaram a Revolução Francesa; essa frivolidade e a sede de prazer debilitaram o clero e a nobreza, tornando-os inúteis na luta contra a Revolução; a falta de sabedoria fechou os olhos da nobreza e do clero, de modo que não puderam prever a Revolução vindoura. Por essa razão, foram incapazes de implementar políticas que a teriam impedido.
Pode-se dizer com certeza que, se São Luís Grignion tivesse sido ouvido, a Revolução não teria eclodido. Ela não teria eclodido principalmente porque a fervorosa devoção a Nossa Senhora traz todo o bem e, portanto, teria trazido um renascimento da religião.
Esse renascimento religioso teria bloqueado o caminho para o Iluminismo, a Enciclopédia e o ceticismo. Teria, assim, cortado os tendões da hidra revolucionária, que teria entrado em colapso.
Não sei até que ponto São Luís de Montfort estava ciente disso. Ainda assim, para aqueles que conhecem a história francesa, isso é claro. São Luís de Montfort publicou três livros de grande profundidade e valor que, infelizmente, tiveram repercussões mínimas.
Se tivessem sido ouvidos, teriam impedido a Revolução. Veja, então, que a luta contrarrevolucionária é o que une esses livros. Eles são uma magnífica obra preventiva da Contra-Revolução sofística nas ideias, enquanto, ao mesmo tempo, combatem a Revolução tendencial.
A prova é que a Revolução Francesa não eclodiu nas regiões onde a congregação fundada por São Luís Grignion difundiu sua doutrina e uma fervorosa devoção a Nossa Senhora. Pelo contrário, a Contra-Revolução nasceu lá.
A Revolução Francesa eclodiu em lugares não alcançados por sua influência. Assim, se pode ver como sua pregação era realmente a pregação da Contra-Revolução. É aí que reside o elo com as obras de São Luís Grignion de Montfort.


Postado em 21 de julho de 2025
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