Ambientes e Tendências
Mero Conforto Físico vs. Bem-estar Moral
Comparar é uma das melhores maneiras de analisar. Se queremos analisar nossa época, é legítimo compará-la. E compará-la com o que? Com o futuro ainda incógnito? Isso é impossível porque objetos desconhecidos não podem servir como um termo de comparação. Portanto, a comparação só pode ser com o passado.
Um dos serviços mais notáveis da História consiste precisamente nisso: apresentar-nos uma imagem fiel do passado, para que possamos conhecer melhor o presente. Fazer essa comparação não é ser nostálgico. Deve ser claro, prático e direto nesse nobre exercício da mente, que é a análise.
Vejamos, então, dois grupos de habitações populares: um, uma vila tradicional na Inglaterra, Warwick; e outro, em um bairro moderno da cidade de Manaus, no norte do Brasil, o complexo residencial chamado Manoa II.
Essas unidades habitacionais populares de nossos dias, semelhantes às de tantas cidades modernas ao redor do mundo, constituem um grupo de 3.500 residências feitas de cimento, cada uma com cinco cômodos. Que tesouro de tecnologia e ciência nisso tudo! O cimento é um material de construção que resulta de uma longa evolução prática e científica. Em cada uma dessas habitações, a ciência possibilitou as vantagens da água corrente, luz elétrica, gás, o passatempo do rádio e televisão e a comodidade do telefone.
Deste ponto de vista, que transformação imensa em comparação com as casas antigas de Warwick, com suas deficiências higiênicas, condições de vida difíceis e, de alguns pontos de vista, o desconforto físico que qualquer habitante da cidade contemporânea certamente sentiria eles!
Por outro lado, que desconforto psicológico nessas habitações modernas, com sua padronização desumana, a monotonia e severidade de suas formas retangulares e sombrias, semelhantes às carrancas, que se revelam nas paredes dessas casas, abertas aos olhos de todos, a todo barulho, talvez a todos os ventos!
Compare essa frieza de linha e substância - não há nada "mais frio" que o cimento - com o recolhimento, o aconchego e a harmonia das casas antigas de Warwick,
acima, cada uma das quais parece considerar o transeunte com um sorriso plácido imbuído de familiar bonomia, que contém o calor de uma vida doméstica animada, rica em valores morais.
São casas simples, despretensiosas e agradáveis de ver, uma imagem da existência cotidiana real de seus habitantes. São casas que seguem o mesmo estilo, mas cada uma tem sua nota de originalidade, discreta e vivaz.
Feito os termos da comparação, a conclusão é lógica. Quanto ao conforto do corpo, podemos ser melhor atendidos com as residências modernas - pelo menos quando elas têm cinco bons cômodos como essas. Mas do ponto de vista do conforto da alma, quanto perdemos!
Seria possível harmonizar os dois em um novo estilo que sirva ao conforto da alma e do corpo? O estilo é muito menos um produto de um homem ou de uma equipe de homens do que de uma sociedade, uma época, uma civilização.
Não cremos que esse novo estilo apareça a menos que o mundo de hoje se torne cristianizado novamente. E é para preparar para este novo mundo fundamentalmente católico que devemos olhar com amor essas memórias do passado cristão de nossa civilização.
Um dos serviços mais notáveis da História consiste precisamente nisso: apresentar-nos uma imagem fiel do passado, para que possamos conhecer melhor o presente. Fazer essa comparação não é ser nostálgico. Deve ser claro, prático e direto nesse nobre exercício da mente, que é a análise.
Vejamos, então, dois grupos de habitações populares: um, uma vila tradicional na Inglaterra, Warwick; e outro, em um bairro moderno da cidade de Manaus, no norte do Brasil, o complexo residencial chamado Manoa II.
Deste ponto de vista, que transformação imensa em comparação com as casas antigas de Warwick, com suas deficiências higiênicas, condições de vida difíceis e, de alguns pontos de vista, o desconforto físico que qualquer habitante da cidade contemporânea certamente sentiria eles!
Por outro lado, que desconforto psicológico nessas habitações modernas, com sua padronização desumana, a monotonia e severidade de suas formas retangulares e sombrias, semelhantes às carrancas, que se revelam nas paredes dessas casas, abertas aos olhos de todos, a todo barulho, talvez a todos os ventos!
São casas simples, despretensiosas e agradáveis de ver, uma imagem da existência cotidiana real de seus habitantes. São casas que seguem o mesmo estilo, mas cada uma tem sua nota de originalidade, discreta e vivaz.
Feito os termos da comparação, a conclusão é lógica. Quanto ao conforto do corpo, podemos ser melhor atendidos com as residências modernas - pelo menos quando elas têm cinco bons cômodos como essas. Mas do ponto de vista do conforto da alma, quanto perdemos!
Seria possível harmonizar os dois em um novo estilo que sirva ao conforto da alma e do corpo? O estilo é muito menos um produto de um homem ou de uma equipe de homens do que de uma sociedade, uma época, uma civilização.
Não cremos que esse novo estilo apareça a menos que o mundo de hoje se torne cristianizado novamente. E é para preparar para este novo mundo fundamentalmente católico que devemos olhar com amor essas memórias do passado cristão de nossa civilização.
Catolicismo. n. 46, Outubro de 1954
Postado em 4 de novembro de 2019
Postado em 4 de novembro de 2019
______________________
______________________