Seleção Biográfica:
Santo Adriano viveu em Nicomédia por volta do ano 300 e foi martirizado aos 28 anos.
Durante esses tempos, os católicos foram cruelmente perseguidos pelo Imperador Romano Diocleciano. Trinta e três católicos em Nicomédia foram denunciados e soldados foram enviados para prendê-los. Eles foram trazidos com correntes de ferro perante o tribunal do Imperador.
“Será que vós não ouvistes que tipo de tormento espera aqueles que se dizem cristãos?” perguntou o juiz. Eles responderam: “Nós os conhecemos, mas não podemos obedecer a ordens injustas. Não tememos a fúria de Satanás e seus ministros, dos quais vós sois um.”
Alguns tormentos dos primeiros mártires
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Três homens receberam ordens de espancar violentamente os católicos com chicotes feitos de nervos de boi. Mas enquanto eles estavam passando por este tratamento, os santos mártires disseram ao juiz que qualquer que fosse o número de tormentos que ele pudesse inventar, ele apenas aumentaria suas coroas esperando por eles no Céu, enquanto ele receberia o que era devido por sua crueldade no Inferno.
Foram então apresentados a Galério, o sucessor preparado de Diocleciano, que ordenou novos tormentos. Os soldados pegaram em pedras e golpearam os mártires na boca. Os mártires repreenderam Galério, dizendo-lhe que um anjo de Deus puniria e destruiria toda a sua família ímpia.
Enfurecido, ele ordenou que suas línguas fossem cortadas. Diante desse novo tormento, eles disseram ao governante: “Mesmo que não possamos falar, os protestos de nossos corações vão subir ao trono de Deus, proclamando que estamos sofrendo na inocência.”
Ao ouvir isso, Galério ficou cheio de ódio e ordenou que todos fossem levados para a prisão para ver se algum deles ficaria com medo e apostataria. Com isso, ele saiu. Um dos presentes era um alto dignitário chamado Adriano. Vendo a grande honra dos católicos, rejeitou o paganismo e disse a um funcionário: “Escreva o meu nome entre estas pessoas admiráveis, pois também eu agora sou católico e morrerei por Cristo Deus em sua companhia!”
Um dos servos de Adriano foi avisar Natalie, sua esposa, sobre o que havia acontecido. Ela correu para a prisão e, caindo aos pés de seu marido, disse: “Bendito é você, meu Adriano, porque você encontrou um tesouro. Peço a Cristo que lhe dê força, coragem e perseverança na luta. Os bens desta terra não são nada; Deus deseja dar a você riquezas eternas. Portanto, não seja fraco, mas forte e generoso como esses santos que o cercam.”
Quando Galério ouviu isso, ficou ainda mais furioso e ordenou que Adriano fosse carregado com correntes de ferro e lançado na prisão com os outros mártires. Eles o saudaram com grande alegria, e mesmo aqueles que não podiam mais andar por causa das torturas se arrastaram até ele para oferecer-lhe o ósculo da paz. Então Natalie limpou e enfaixou seus corpos feridos e ensanguentados.
Adriano foi espancado e torturado, voltou para a prisão e, finalmente, suas pernas e braços foram golpeados com uma bigorna.
Comentários do Prof. Plinio:
O primeiro ponto que chama a atenção é que se trata de mártires polêmicos. Eles discutiram com o juiz e o ameaçaram com a condenação eterna. Eles demonstraram nobreza de espírito, dizendo-lhe que o flagelo era apenas um meio de ganharem mais pérolas em sua coroa celestial. Mais tarde, eles também disputaram com Galério, o homem que havia sido preparado para suceder ao Imperador Diocleciano.
As perseguições aos cristãos começaram novamente sob Diocleciano
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Em segundo lugar, os senhores podem imaginar o choque que esses pagãos sentiram ao receber esses desafios dos cristãos. Todo homem, por sua natureza, sabe que o Céu existe. Os pagãos diziam o contrário: Não, não existe. Mesmo que eles negassem, eles tinham uma insegurança interna considerável.
Então um juiz pagão veio e torturou os cristãos, que mostraram uma extraordinária segurança não apenas de que o Céu existe, mas também de que eles entrariam lá por meio do próprio sofrimento que ele estava causando. Os senhores podem imaginar a dúvida que isso gerou.
Terceiro, vê-se a ação repentina do Espírito Santo na alma de Santo Adriano. Em vez de ter medo de sofrer os tormentos pelos quais os mártires estavam passando, ele se sentiu convidado a compartilhar a honra de fazer parte de uma sociedade tão extraordinária. Por meio deles, ele viu o Céu e foi movido a se juntar a eles e morrer com eles.
Quarto, há a posição maravilhosa de Natalie, que provavelmente era uma cristã secreta. Quando ela recebeu a notícia de que seu marido também havia se tornado cristão, ela correu para a prisão para dar-lhe todo o apoio que pudesse. Os senhores podem imaginar a bela cena na prisão, seu encontro, a alegria dos mártires que viram que seu bom exemplo havia causado a conversão de um alto funcionário imperial.
Mesmo com as torturas, todas as feridas e sangue, uma alegria sobrenatural encheu todos eles. Vieram saudar o novo convertido, até se arrastando pelo chão, para dar-lhe o ósculo da paz. Nenhuma alegria natural é comparável a essa felicidade sobrenatural.
Quinto, a partir dessa descrição e da conversão de Santo Adriano, os senhores podem perceber a perplexidade e o desespero dos Imperadores Romanos, que perceberam que o cristianismo estava invadindo e minando todo o seu mundo.
Tomar medidas enérgicas e usar a violência não poderia destruir o cristianismo. Pelo contrário, continuou a crescer. De certa forma, a violência das perseguições que aumentaram até Constantino foi consequência desse desespero.
Peçamos a Santo Adriano que nos dê a mesma graça que recebeu quando viu o Céu e a vitória em uma situação de perseguição, tortura e martírio. Hoje, em muitos aspectos, precisamos de uma graça semelhante em nossa luta quando os inimigos da Igreja Católica perseguem os verdadeiros católicos.
Precisamos da graça de ver a vitória do Reino de Maria, a restauração da Cristandade, em tais perseguições.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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