Seleção Biográfica:
Francisca ou Françoise d'Amboise (29 de maio de 1437 - 4 de novembro de 1485), nasceu no Castelo de Thouars. Ela era filha do nobre Luis d'Amboise, Príncipe de Talmont e Visconde de Thouars.
Francisca de Ambósia, Duquesa da Bretanha
|
Aos três anos, ela foi tornada noiva de Pierre, o segundo filho de Jean VI, Duque da Bretanha, por motivos políticos. Ela saiu de casa e cresceu sob os cuidados de Joana, sua futura sogra, irmã de Carlos VII, Rei da França. Em 1442, aos 15 anos, ela se casou com Pierre.
Em 1450, seu marido passou a governar a Bretanha como Pierre II. Francisca d’Amboise tornou-se Duquesa da Bretanha e desempenhou um papel ativo no governo da Bretanha. Ela ajudava os pobres e os enfermos e era amada pelo povo. Eles se referiam a este tempo como "o tempo da abençoada Duquesa."
Seu marido morreu em 1457. O Rei Luís XI queria se casar com ela, mas ela não deu seu consentimento. Sob a orientação do Beato Jean Soreth, ela decidiu entrar na Ordem Carmelita. Com a doação de suas propriedades, ela fundou o primeiro convento de freiras Carmelitas na França, em Bondon, perto de Vannes. ambém fundou outro convento em Nantes. Por causa dessas fundações, ela às vezes é referida como a Mãe Fundadora das monjas Carmelitas na França. Morreu no Convento de Nantes, em 4 de novembro de 1485. Sua festa é celebrada no dia 5 de novembro.
Comentários do Prof. Plinio:
Com o passar do tempo, diminuiu o número de padres e religiosos canonizados. Mas o número de santos reais tornou-se ainda mais escasso. Na Idade Média, havia uma multidão, por assim dizer, de santos que eram imperatrizes, reis, príncipes e princesas. A Beata Francisca d’Amboise foi uma delas. Na era moderna, quase nenhuma pessoa real foi canonizada, uma aqui e outra ali - mas muito raramente.
Ela terminou sua vida como freira Carmelita
|
Devemos incluir em nossa devoção os grandes senhores feudais, príncipes e nobres que alcançaram a glória dos altares. Eles são símbolos da realeza e do feudalismo introduzidos nos altares. Ao canonizá-los, a Igreja reconhece indiretamente a santidade do estado que ocupavam na sociedade.
Se essa condição fosse intrinsecamente injusta, como pretendia a Revolução Francesa, um senhor feudal não poderia ser um santo. Se ser um senhor feudal significava sempre oprimir e explorar os pobres, um senhor feudal certamente não poderia ser um santo. Por uma razão análoga, um ladrão não pode ser um santo. Essas são condições essencialmente opostas à virtude cristã.
Pelo contrário, a vida da Bem-aventurada Francisca d’Amboise é um bom exemplo de como era aquela sociedade. Ela era uma nobre de uma casa muito boa que foi criada pela irmã do Rei Carlos VII da França.
Em seguida, ela se tornou Duquesa da Bretanha, onde desempenhou suas funções de forma excepcional. Depois que seu marido morreu, o próprio Rei Luís XI pediu sua mão. Vemos, portanto, que ela era uma pessoa altamente colocada nas fileiras da nobreza.
Sua vida revela o grande cuidado que demonstrou pela religião e pelos desafortunados pobres de seu tempo. Em vez de explorar os pobres, como a saga revolucionária nos diz que os nobres sempre faziam, ela era muito benigna com eles, a ponto de sua bondade se tornar lendária entre eles. Relembrando sua bondade, o povo da Bretanha se referia com nostalgia ao “tempo da abençoada Duquesa.”
A cidade-fortaleza medieval de Vannes, acima. Durante a Revolução Francesa, as Carmelitas foram forçadas a abandonar o convento e ele se tornou uma prisão, abaixo.
 |
Certamente ela era uma pessoa notável, muito melhor do que a média nobre daquela época, mas não em desacordo com essa média. Assim como uma árvore produz flores e frutos, também a sociedade feudal medieval produziu seus santos. A sociedade inteira não era necessariamente composta de santos, mas tinha uma proporção média de pessoas boas e até muitas pessoas más.
Assim como uma árvore tem raízes, tronco e galhos que geralmente abrigam insetos e doenças, a sociedade feudal tinha pessoas que eram rudes e más. No entanto, o mal era condenado e estava presente na sociedade como um corpo estranho. A sociedade não era inteiramente composta de santos, mas todas as partes saudáveis - santos, pessoas excelentes e as pessoas boas e imperfeitas - estavam ligadas umas às outras, como as partes de uma árvore. A vida da Bem-aventurada Francisca confirma essa perspectiva.
Vemos que ao decidir deixar a vida nobre para trás e entrar na Ordem Carmelita por conselho do Bem-aventurado Jean Soreth, ela não tomou essa decisão porque estava fugindo de um ambiente de corte maligno. Pelo contrário, aquele ambiente gerou naturalmente sua resolução como uma árvore produz sua flor. Ela decidiu entrar na vida do Carmelo; ela vendeu seus bens materiais; fundou dois conventos de freiras Carmelitas, depois terminou a sua vida abençoada num desses conventos.
Escolheu esta vocação não em oposição à vida em sociedade, mas como um modo de vida que representava a excelência daquela vida temporal que ela tinha tido antes. Tudo na vida civil medieval tendia para a religião e a glória de Deus, então para a Duquesa da Bretanha se tornar a Mãe Fundadora das freiras Carmelitas na França é como um fruto que é colhido da árvore depois de amadurecido.
A Bem-aventurada Francisca d’Amboise é uma das muitas santas medievais que são símbolos de sua época e devem ser consideradas patronas da ordem temporal cristã. Portanto, cabe a nós, que lutamos pela defesa e restauração da civilização católica, pedir-lhes que protejam nossa ação. Se elas estivessem vivas, estariam lutando conosco. Portanto, devemos ter seus nomes em nossos calendários pessoais.
Peçamos à Bem-aventurada Francisca d’Amboise que nos ajude a restaurar a Cristandade, para que a futura sociedade - como a de seu tempo - exista para glorificar a Deus.
  | |
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
|
