Seleção Biográfica:
Albertus Magnus por Fra Angélico |
Alberto, o Grande, o filho mais velho do Conde de Bollstädt, nasceu por volta de 1206 em Lauingen, na Suábia, Alemanha. Depois de uma formação cuidadosa, foi estudar Direito na Universidade de Pádua, na Itália. Lá ele conheceu o Beato Jordão da Saxônia, Geral dos Dominicanos, cujos conselhos o levaram a entrar na Ordem Dominicana.
Logo ele se tornou conhecido por sua devoção filial a Nossa Senhora e atenção à observância monástica. Foi enviado a Colônia para terminar seus estudos, ganhando a reputação de uma erudição em ciências naturais maior do que todos os seus colegas.
Depois de completar seus estudos, foi enviado para ensinar teologia em Hildesheim, Freiburg-im-Breisgau, Regensburg, Strasburg e Colônia. Em 1245, foi enviado para a Universidade de Paris, onde demonstrou a harmonia entre fé e razão e entre as ciências sagradas e profanas. O mais ilustre de seus discípulos, São Tomás de Aquino, iria sucedê-lo na Sorbonne.
Santo Alberto voltou a Colônia em 1248 a fim de dirigir os estudos de sua Ordem como Regente do Studium Generale. Em 1254 foi eleito Provincial Dominicano da Alemanha e, em 1260, foi nomeado Bispo de Regensburg. Renunciou ao bispado depois de três anos e voltou a ensinar em Colônia.
Vitrais no santuário da Igreja de Santo André |
Frequentemente, também era chamado para atuar como juiz e pacificador entre vários Príncipes e Bispos alemães. Participou do segundo Concílio de Lyon (1274), do qual participou ativamente das deliberações. Morreu em Colônia em 15 de novembro de 1280. Em 16 de dezembro de 1931 foi canonizado e declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI.
Desde o ano 1300, sob um vitral da igreja Dominicana de Santo André em Colônia, pode-se ler estas palavras:
“Este santuário foi construído pelo Bispo Alberto, flor dos filósofos e sábios, modelo de bons costumes, brilhante e esplendoroso destruidor de heresias, e flagelo de homens maus. Coloque-o, ó Senhor, no número de vossos santos.
“Por natureza ele tinha instinto para grandes coisas. Assim, como Salomão, ele implorou a Deus pelo dom da sabedoria, que une intimamente o homem a Deus, expande os corações e eleva as almas dos fiéis às alturas. A sabedoria lhe ensinou unir uma vida intelectual intensa com uma vida espiritual profunda, pois ele foi ao mesmo tempo um iniciador de um poderoso movimento intelectual, um grande contemplativo e um homem de ação.”
Comentários do Prof. Plinio:
A vida de Santo Alberto Magno se expressa bem na descrição de como ele se destacou nessas três coisas - um intelectual, um contemplativo e um homem de ação, o que o tornou uma das maiores figuras da Idade Média, um dos que consolidou a Idade Média.
O Santo está sepultado na Igreja de Santo André, acima |
Deus deu a ele o dom de ser notável em muitas coisas. Se ele tivesse brilhado em apenas uma dessas coisas, ele seria um homem de fama imortal. Para mencionar apenas duas de suas realizações intelectuais, Santo Alberto é considerado o fundador da Escolástica, e ele foi o mestre de Santo Tomás de Aquino, que por sua vez levou a Escolástica ao seu ápice.
Se ele fosse apenas esse grande intelectual, teria entrado na história por causa disso. Mas era mais. Ele era conhecido pelo seu espírito religioso, era um grande contemplativo, um grande santo, que lhe daria toda a glória possível. Por fim, foi também um Bispo ilustre que adquiriu enorme fama em sua pátria.
Por que a Providência fez um homem tão brilhante, que se destacou em três caminhos diferentes ao mesmo tempo? É para mostrar que a vida interior deve ter precedência sobre as demais. Compreendemos que, se Santo Alberto não tivesse sido um homem de forte interioridade, não poderia ter sido o extraordinário erudito que foi.
A vida interior dá ao homem os meios para executar a vontade de Deus com perfeição. Fazendo isso, o homem desenvolve plenamente seus talentos naturais. Frequentemente, Deus dá carismas adicionais e graças extraordinárias àqueles que são fiéis, a fim de multiplicar suas qualidades naturais e ajudá-los a cumprir sua missão.
Isso me lembra uma frase de Dom Chautard, o autor do famoso livro A Alma de Todo o Apostolado. Uma vez ele estava com Georges Clemenceau, o revolucionário primeiro-ministro francês. Sabendo que Dom Chautard era um homem muito ocupado, Clemenceau perguntou-lhe: “Como o Sr. consegue fazer tantas coisas em apenas 24 horas,?” ao que Dom Chautard respondeu: “É porque eu rezo o Rosário. Se você também o rezasse, encontraria mais tempo para realizar suas tarefas.”
Uma escultura progressista de Santo Alberto em frente à Universidade de Colônia |
É um paradoxo, porque rezar o Rosário consome tempo de outras atividades. Alguém pode pensar que Dom Chautard estava apenas brincando com Clemenceau. Isso não é verdade. Nessa aparente contradição existe uma verdade profunda. Se dedicarmos tempo ao desenvolvimento de nossa vida interior, Deus cuidará das demais coisas de que necessitamos e multiplicará nossa capacidade de realizar o que somos chamados a fazer.
Esta é a grande verdade que aprendemos da vida de Santo Alberto.
Aquelas belas palavras escritas em 1300 sob aquele vitral na Igreja de Santo André revelam o quanto a mentalidade religiosa moderna mudou. Hoje, quem diria que um santo é um “destruidor brilhante e esplendoroso de heresias e flagelo de homens maus”?
Tal elogio - que enche nossas almas de alegria católica - desapareceu completamente do panorama religioso contemporâneo. O fato de ser assim revela a diferença entre a mentalidade do progressista que infelizmente domina a Igreja hoje e o verdadeiro espírito católico. Não é difícil ver qual é a posição dos santos.
Peçamos a Santo Alberto Magno que nos ajude a ver a extensão total dos erros progressistas e a combatê-los com o mesmo brilho e esplendor com que combateu as heresias de seu tempo.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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