Seleção Biográfica:
Morreu em 394. São Macário foi um comerciante de sucesso em Alexandria, Egito, que se converteu à Fé Católica e foi batizado. Por volta de 335 ele se tornou um monge na Tebaida, Alto Egito, e passou os anos restantes de sua vida como um eremita em penitência e contemplação. Ele era conhecido por suas grandes austeridades e muitos milagres.
São Macário, eremita
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Ele foi banido por um tempo para uma ilha no Nilo durante a perseguição ariana por Lúcio, o patriarca ariano de Jerusalém, mas mais tarde foi autorizado a retornar.
Macário escreveu uma regra para o mosteiro de Nitria que leva seu nome. Esta regra foi mais tarde usada por São Jerônimo para sua vida eremítica.
Naquela época, muitos monges manifestavam o desejo de abandonar a solidão do deserto e se dedicar ao trabalho pelas almas nas cidades. São Macário escreveu a seguinte história para eles.
Havia um barbeiro em uma pequena cidade que cobrava três moedas para cada barba feita. Desta forma, ao final de um dia de trabalho, ele ganhou dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades diárias e ainda economizar uma pequena quantia para o futuro.
Ele ouviu, no entanto, que em uma grande cidade próxima o preço para fazer uma barba era muito mais alto. Depois de algumas considerações, ele decidiu que seria uma grande vantagem abandonar sua clientela, ir para aquela cidade e ter um lucro maior com menos trabalho.
Então, ele vendeu o que tinha e se estabeleceu na cidade vizinha. De fato, no final do primeiro dia, ele recebeu uma grande quantia em dinheiro. Ele foi ao mercado comprar o que precisava, mas percebeu que as mercadorias eram tão caras que, após as compras, não sobrou dinheiro no bolso.
Com isso, ele reconheceu seu erro e voltou para sua cidade natal para continuar seu trabalho e economizar para a velhice. São Macário concluiu sua história afirmando que os monges deveriam se contentar com os pequenos frutos obtidos na solidão.
É melhor permanecer no caminho de sua própria santificação no deserto do que tentar salvar muitas almas na cidade, pois com suas contínuas diversões e dispersões elas perderiam o espírito de recolhimento.
Comentários do Prof. Plinio:
São Macário estava diante de um desejo geral por parte dos monges de abandonar a solidão do deserto para fazer apostolado na cidade. Esses monges alegaram que poderiam salvar muito mais almas lá do que permanecendo no deserto.
Eremitas de Tebaida - Afresco, séc. 16, anônimo, México Colonial
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São Macário então lhes contou uma história com a metáfora do barbeiro que tinha um lucro maior na cidade, mas também tinha de pagar muito mais por tudo que precisava.
Concluiu que fazer um apostolado ativo na cidade pode ter mais frutos aparentes do que uma vida de solidão, mas os custos são muito maiores.
Por quê? Porque na vida de sociedade a santificação é mais difícil de alcançar; é mais difícil salvar a alma aí do que na solidão do deserto.
A melhor coisa na vida é não lidar com muitas pessoas, falar o tempo todo, ficar agitado e excitado. A melhor coisa é viver uma vida de reflexão, meditação e oração. É unir a alma a Deus. Portanto, quem recebe a vocação de viver uma vida de solidão, recebe mais de Deus do que quem é chamado a agir e lutar no meio dos homens. Esse pensamento é sempre verdadeiro, mas é especialmente oportuno considerá-lo hoje.
O homem moderno foi preparado por forças secretas para não compreender a solidão, a reflexão e a meditação. Pode-se observar o estilo de vida da maioria das pessoas ao seu redor e ver que a essência de suas vidas é estar em contato com os outros.
Quando estão fora, encontram outras pessoas no trabalho e nas diversões e até na igreja. Eles estão sempre ansiosos para ouvir as últimas fofocas, passar notícias e transmitir suas impressões, sempre tentando impressionar os outros. Em seguida, eles voltam para casa, onde ainda há telefone, rádio e televisão, ou mais conversa.
Eremitas em uma paisagem. Da esquerda para a direita, um eremita rezando, um eremita instruindo outro, um eremita meditando nas Escrituras - British Library, Londres
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Se perguntássemos a uma dessas pessoas quanto tempo ela permaneceu sozinha e quieta durante o dia, a resposta seria quase nenhum tempo.
Quando os homens modernos leem um jornal, eles não refletem sobre o que leem. Às vezes, encontraremos pessoas sentadas em cadeiras.
Se prestarmos atenção, veremos que eles não estão pensando em nada em particular, apenas olhando para o espaço. Eles estão apenas recuperando o fôlego para que possam continuar suas vidas agitadas.
Às vezes, eles se lembram de algumas sensações desenfreadas que experimentaram, mas muito raramente fazem uma análise contínua, estruturada e ordenada para buscar a verdade ou compreender completamente algum assunto. Isso é muito raro. O homem contemporâneo foi formado com o horror da lembrança.
Pois bem, a essência da vida é não estar em contato com os outros; de acordo com o ensinamento de São Macário, a essência da vida é o homem se isolar para afinar suas observações, ordenar seus pensamentos e analisar tudo à luz dos princípios católicos que aprendeu.
Esses princípios constituem o seu patrimônio, a lente pela qual analisa as coisas e chega a conclusões. Algumas dessas deduções serão práticas, outras meramente especulativas. Eles serão máximas morais de vida ou regras gerais de filosofia.
Afirmo que este é um tipo de oração. Considerar tudo à luz da doutrina católica é elevar a mente a Deus, que é a definição de oração.
Leitura do eremita - Adriaen van Ostade, séc.17.
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O homem revolucionário de nossos dias abomina e foge do isolamento e do recolhimento. Ele abomina o esforço interior que exige para ordenar seus pensamentos. Ele o evita não porque está muito ocupado, mas porque não quer fazer esse esforço.
Ele poderia renunciar a uma vida tão agitada e abandonar o rádio, a televisão e outras distrações dispersivas. Se ele fizesse isso e adotasse uma vida tranquila, ele poderia recuperar sua memória.
Mas, infelizmente, ele ficou viciado na excitação e na atividade constante. Ele se tornou o extremo oposto de São Macário. A lição de São Macário não é para que todos se tornem eremitas.
É um apelo para que todos sejam recolhidos, mesmo que devam viver entre os outros. Ele deve encontrar um tempo para recolhimento e contemplação das coisas de Deus. Só assim ele estará preparando seu caminho para o Céu.
Para aqueles de nós que temos em nossas almas um pouco dessa agitação revolucionária, aconselho duas coisas:
Primeiro, pedir a Nossa Senhora por intercessão de São Macário pela graça do recolhimento;
Segundo, fazer um esforço para evitar ambientes de excitação e turbulência. Reserve uma hora por dia, ou mesmo meia hora, e fique sozinho e quieto, sem fazer nada, tentando pensar nos interesses da Igreja e na glória de Deus. O silêncio é o primeiro passo para uma alma se tornar profunda.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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