Seleção Biográfica:
São Simeão Estilita
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Estilita vem da palavra Grega stylos, que significa pilar ou coluna. Foi no topo de um pilar que São Simeão passou a maior parte de sua extraordinária vida.
Simeão nasceu em Sisan perto da fronteira norte da Síria e começou a vida como um menino pastor para o rebanho de ovelhas de seu pai. Quando tinha apenas 13 anos, ouviu a passagem do Evangelho: “Bem-aventurados os que choram; bem-aventurados os limpos de coração.”
Ele foi a um velho sábio e lhe perguntou o significado dessas palavras. Ele explicou ao menino que a felicidade eterna só pode ser alcançada com sofrimento e que a solidão é a maneira mais segura de alcançá-la. Impressionado com essa explicação, o jovem juntou-se a alguns eremitas que viviam em um mosteiro próximo.
Depois de alguns anos em diferentes mosteiros, no entanto, ele se retirou para viver sozinho e evitar os numerosos visitantes que o procuravam constantemente. Ele determinou morar no topo de uma coluna. Lá ele permaneceu a maior parte do tempo em pé, exposto às intempéries e absorto em oração contínua. Ele morreu em 459 aos 69 anos, tendo vivido 36 anos de sua vida no topo de diferentes pilares.
Comentários do Prof. Plinio:
A vida de São Simeão Estilita é um daqueles fatos maravilhosos que aconteceram nos primeiros séculos da vida da Igreja. Constituíram uma manifestação da atmosfera sobrenatural comunicada diretamente por Nosso Senhor quando esteve presente na terra. Aqueles primeiros séculos ainda ecoavam o efeito incomparável de Sua presença e por isso testemunhavam graças extraordinárias. Considero a vida de São Simeão e sua vocação muito especial uma dessas manifestações
Após a morte de Simeão, os peregrinos continuaram a se aglomerar em seu pilar. Em 472, uma grande
Basílica foi construída na Síria. Suas ruínas permanecem até hoje (acima) com o que sobrou do pilar (abaixo).
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Sua vida foi excepcional sob muitos pontos de vista. Na verdade, ficar como ele ficou no topo de um pilar é fazer de si mesmo uma espécie de estátua. É uma posição que muitas pessoas orgulhosas gostariam de assumir para ser admiradas.
Mas este não foi o caso de São Simeão, que fugiu do mosteiro para evitar os numerosos e inoportunos visitantes que o procuravam.
Os senhores podem ver que sua vida foi inspirada por uma graça extraordinária. Foi uma graça de uma contínua e aberta contemplação de Deus.
Sua vida ficou inteiramente exposta, quase sem um momento de privacidade. Ele era acessível ao olhar de qualquer pessoa que quisesse observá-lo e verificar sua atitude.
O texto nos diz que ele quase nunca parava de rezar. Para aqueles povos Orientais - e também para todos nós depois que sua fama se difundiu pelo mundo - sua vida representa um convite convincente para rezar e considerar a importância da oração, a importância da vida sobrenatural. Convidou muitos outros a buscar a solidão e a abandonar as coisas terrenas.
Sobre este isolamento, gostaria de dizer uma palavra. No passado, a solidão era altamente admirada e elogiada. São Bernardo costumava dizer: O, beata solitudo; o, sola beatitudo! “Ó, feliz solidão! Oh, apenas felicidade!” Uma pessoa só pode ser verdadeiramente feliz quando se afasta do mundo. Pode-se dizer que um indicador para mostrar o valor de uma civilização é o gosto de seu povo por uma vida de solidão.
O homem moderno tenta escapar do silêncio e da solidão. Ele gosta de estar com outras pessoas o dia todo. Quando está sozinho, ele quebra a solidão ligando o rádio ou a TV, ou algum outro meio. Sua casa não é um lugar para se recolher, mas apenas um lugar para comer, beber, dormir e parar antes de sair correndo novamente.
A ideia de estar sozinho e pensar - pois quando se está isolado e calado, se pensa - só é bem-vinda em civilizações que tenham valor. Considere, por exemplo, o Japão antigo. Conheci um almirante católico japonês que me disse quando os primeiros trapistas apareceram no Japão, seu modo de vida aumentou o entusiasmo entre as pessoas. Muitos queriam entrar no mosteiro trapista mesmo sem ser católicos, pois gostavam de ficar sozinhos e de pensar.
A igreja sempre elogiou a solidão e o silêncio como forma de se aproximar de Nosso Senhor e de Nossa Senhora.
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Quando alguém está isolado, sua tendência natural é ser sério. O homem isolado e silencioso é normalmente sério. Ele percebe que isso lhe permite uma união mais estreita com Nosso Senhor e Nossa Senhora.
Muitas vezes Nossa Senhora escolhe pessoas que são afastadas de outras e as chama para uma vocação superior. Outras vezes, ela permite que alguém fique isolado para que perca o apego às coisas terrenas e às amizades mundanas.
É uma oportunidade de ouro para ser mais humilde, para se distanciar do mundo e para adquirir um espírito mais nobre e elevado. Esses são alguns dos bons frutos da solidão.
Há também outro tipo de isolamento que ocorre com frequência. É da pessoa que não se encaixa no mundo. Essa pessoa é incompreendida e não bem aceita por seus parentes, conhecidos e colegas e, consequentemente, fica isolada.
Ele pode reclamar que sua situação é injusta. Pode muito bem ser, mas não é o problema que estamos analisando aqui. Muitas vezes tal pessoa não vê que este isolamento involuntário pode ser um presente que Nossa Senhora está lhe dando como um convite para se unir mais a ela.
Parece-me que hoje estão isoladas as almas que verdadeiramente são as almas de Nossa Senhora. Quando nos aproximamos de tal pessoa, ela é amável, mas mesmo então percebemos que uma parte superior de sua alma mantém uma reserva silenciosa e misteriosa, pois ela tem uma zona de intimidade com Nossa Senhora. Essa parte de sua alma atua como uma espécie de santuário interior que é o que há de mais precioso.
Portanto, a solidão apresenta muitas vantagens e vários tipos de isolamento que podem produzir frutos extraordinários para a alma.
São Simeão teve a missão de mostrar a toda a Igreja o valor da solidão e do isolamento. Peçamos a ele que nos ajude a compreender e ter o gosto por esse tipo de posição espiritual para que possamos ser sérios e alcançar a união que somos chamados a ter com Nosso Senhor e Nossa Senhora.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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