Seleção Biográfica:
São João de Mata (1160-1213) nasceu de pais nobres em Faucon, na Provença, França. Depois de um brilhante sucesso nos estudos em Paris, tornou-se padre.
São João de Mata fundou os Trinitários para resgatar cativos e apoiar as Cruzadas
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Em sua primeira Missa, ele teve a inspiração de dedicar sua vida ao resgate dos guerreiros católicos escravizados pelos muçulmanos nas Cruzadas.
Para se preparar para esse trabalho, ele foi visitar um eremita, São Félix de Valois, para ser instruído na prática da perfeição. Ao revelar seu plano, São Félix se convenceu de que o projeto vinha de Deus e se ofereceu para ajudá-lo. Juntos, eles fundaram a Ordem da Santíssima Trindade para resgatar os cativos. Logo, inúmeras vocações chegaram à Ordem. Os trinitários viajaram com os Cruzados, ensinando os soldados, cuidando dos enfermos e tratando da redenção dos cativos.
São João de Mata conseguiu libertar um grande número de escravos católicos no Marrocos, Túnis e Espanha. Em sua segunda viagem a Túnis em 1210, ele sofreu muito com os infiéis, que ficaram furiosos com seu zelo e seu sucesso em exortar os escravos a permanecerem constantes em sua fé.
Em seu retorno com os 120 católicos que resgatou, ele descobriu que os muçulmanos haviam danificado o leme de seu navio e rasgado suas velas para impedir sua chegada segura e fazer com que o navio parasse no mar. Mas São João de Mata, cheio de confiança em Deus, implorou a Ele para ser seu piloto. Ele costurou as capas de seus companheiros e fez novas velas. Então, com um crucifixo nas mãos, ele recitou seu Saltério enquanto o navio navegava. Eles tiveram uma viagem bem-sucedida e aportaram em segurança em Ostia, perto da foz do Tibre.
Comentários do Prof. Plinio:
A Ordem dos Trinitários fundada por São João de Mata foi um apostolado extremamente útil para manter as Cruzadas no espírito elevado pretendido pela Igreja quando ela as convocou. Foi um apostolado muito nobre que indica a estreita solidariedade deste Santo com o movimento das Cruzadas.
A fundação da Ordem Trinitária John Carreno de Miranda, 1666
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Hoje, aqueles que falam contra as Cruzadas fazem uma coisa muito ruim. Os verdadeiros santos foram cooperadores e entusiastas das Cruzadas. O objetivo principal dos trinitários, que era resgatar os cativos, também teve um efeito favorável sobre os Cruzados, que tiveram menos medo de ser capturados e permanecerem escravos dos mouros por um longo período de tempo, ou mesmo indefinidamente. São João da Mata e sua Ordem deram a eles a esperança de serem resgatados e voltarem à luta. Portanto, a obra do Santo foi um suporte muito importante para as Cruzadas.
Tudo isso é muito bonito, uma coroa de ouro. Mas a pedra preciosa incrustada nesta coroa foi o último fato da narração. São João da Mata embarcou em uma jornada para cruzar o Mediterrâneo com 120 homens em um navio com velas rasgadas e inúteis. Ele improvisou fazendo novas velas, mas eram insuficientes. Ele fez tudo o que pôde para restaurar as velas destruídas, mas sabia que seus esforços não seriam suficientes. Então, ele recorreu a Deus. Ele rezou, entoou os salmos com um crucifixo na mão enquanto o navio continuava seu caminho.
Pode imaginar os sentimentos variados daqueles cativos libertados no navio. Por vezes, experimentaram um movimento de confiança e entusiasmo pelo Santo e pela sua ousada fé; outras vezes, sentiam um verdadeiro pânico de se perderem no mar e morrer. São João de Mata teve de pregar para eles terem confiança em Deus. Foi uma aventura baseada na fé de um homem. Quando o episódio foi contado e difundido por toda a Cristandade, gerou uma grande onda de bom ânimo e desejo de ir às Cruzadas.
Nossa Senhora com o hábito Trinitário, Madrid
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O princípio que inspirou São João da Mata foi o mesmo que Santo Inácio de Loyola formularia séculos depois: Faça tudo como se dependesse apenas da sua ação, então reconheça que tudo depende de Deus e não de você.
São João da Mata aplicou este princípio perfeitamente. Ele consertou as velas da melhor maneira que pôde e ordenou que a viagem prosseguisse. Ao mesmo tempo, ele rezou, reconhecendo que somente Deus poderia tornar a viagem bem-sucedida.
Aquela embarcação no mar, abandonada à sua sorte, lembra-nos da luta a que dedicamos as nossas vidas. Nosso movimento contra-revolucionário também é um navio abandonado, e os meios de que dispomos para seguir em frente não passam de velas improvisadas em uma pequena embarcação.
Devemos pedir a São João de Mata e a todos os santos que estiveram em lutas semelhantes às nossas, que estejam espiritualmente presentes para nos ajudar nos perigos que enfrentaremos para que façamos o que devemos fazer.
Ao fazê-lo, devemos cantar orações aos pés de Nossa Senhora, pedindo-lhe que o nosso navio chegue a um bom porto; ou seja, a derrota total da Revolução e a instalação do Reino de Maria na terra.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | | A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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