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São Fidelis de Sigmaringa - 24 de Abril

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Markus Rey nasceu em 1577 em Sigmaringa, Prússia. Seu pai Johannes Rey era burgomestre da cidade. Ele entrou na Universidade de Freiburg, em Breisgau, para estudar direito e filosofia. Depois de se formar, ele foi escolhido para tutor de três jovens príncipes com quem viajou na França e na Itália.

Sigmaringen, Prussia

O pai de São Fidelis era burgomestre de Sigmaringa, Prússia

Em 1611, ele retornou a Freiburg para obter seu doutorado em direito canônico e civil e, em seguida, começou a atuar como advogado em Kolmar. Desapontado com a fraude aberta nos tribunais e a corrupção geral da sociedade, ele decidiu abandonar o mundo. Foi ordenado sacerdote no ano seguinte e imediatamente depois foi recebido na Ordem dos Capuchinhos em Freiburg, aos 35 anos. Ele recebeu o nome de Fidelis.

Em anotações que ele deixou sobre sua vida durante esse período, ele escreveu: “A partir de agora, quero viver em completa pobreza, castidade e obediência em meio a sofrimentos e perseguições, em penitência austera e profunda humildade. Vim do ventre de minha mãe sem nada e com nada desejo voltar aos braços do meu Salvador.”

São Fidelis foi um notável orador. Ele pregou em várias cidades alemãs, austríacas e suíças. Desde o início de sua carreira apostólica, ele lutou incansavelmente para converter hereges; não somente confinou seus esforços ao púlpito, mas também usou sua caneta. Ele escreveu muitos folhetos contra o calvinismo e o zuinglianismo.

Foi nomeado superior primeiro nos mosteiros de Rheinfelden e Freiburg e depois em Feldkirch, onde exerceu uma forte influência. Por isso, ele também foi nomeado pelo Núncio Papal para reformar mosteiros de outras Ordens.

St. Fidelis of Sigmaringen

São Fidelis de Sigmaringa

Como o calvinismo estava se espalhando pela Suíça, especialmente na região dos Grisões, a Congregação para a Propagação da Fé nomeou os Capuchinhos para combatê-lo ali. Pe. Fidelis foi escolhido para ser o chefe da missão.

“Logo não me verão mais,” profetizou ele em um sermão em Feldkirch, “pois fui chamado para derramar meu sangue pela Fé.”

São Fidelis trabalhou incansavelmente e com tanto sucesso na região, que os hereges ficaram alarmados e começaram a inflamar o povo contra ele. Eles espalharam rumores de que sua missão era política e não religiosa, e que ele estava preparando o caminho para a subjugação do país pela Áustria.

Em janeiro de 1622, ao retornar à região dos Grisões, ele foi recebido em toda parte com o grito: “Morte aos Capuchinhos!” Em 24 de abril de 1622, estando então em Grusch, ele confessou e depois celebrou a Missa e pregou. Daí ele partiu para Sevis. Quando lá chegou, entrou na igreja e começou a pregar, mas foi interrompido por um súbito tumulto, dentro e fora da igreja. Vários soldados austríacos que guardavam as portas da igreja foram mortos pelos agressores e o próprio Fidelis foi atingido.

Fora da igreja, ele estava cercado por uma multidão liderada por pregadores calvinistas que se ofereceram para salvar sua vida se ele apostatasse. Fidelis respondeu: “Vim extirpar sua heresia, não a abraçar.” Os calvinistas o mataram com golpes de espadas.

Comentários do Prof. Plinio:

É interessante notar a ação deste grande orador, São Fidelis de Sigmaringa. Ele teve tanto sucesso em seus sermões que a Santa Sé o escolheu para liderar o grupo de pregadores Capuchinhos enviados à região infestada pelo calvinismo, um ramo da heresia protestante. A intenção da Santa Sé era converter aqueles que haviam sido enganados pelos hereges e também impedir que os católicos caíssem na mesma armadilha.

A statue of St. Fidelis Sigmaringen

São Fidelis em St. Jacques na capela em Hazebrouck, Bélgica, enfatiza seu espírito forte e viril

Por meio de seus sermões, ele teve uma enorme influência na cidade de Feldkirch, capital de uma província austríaca nos Alpes. Lá ele já havia atacado fortemente os protestantes. Ele foi designado, então, para entrar na Suíça para continuar o ataque contra os hereges.

Antes de partir, ele teve uma premonição revelando que sofreria o martírio lá. Como homem sobrenatural, indomável e enérgico, não recuou por causa dessa ameaça; pelo contrário, foi adiante encarando a morte com uma espécie de alegria. É a atitude de um guerreiro.

A essa tenacidade acrescentou outra prova de bravura: e enfureceu os calvinistas. Ninguém agrava o inimigo a menos que conte vitórias sobre eles. Para evitar mais de seus notáveis sucessos, os calvinistas decidiram matá-lo. Eles planejaram sua morte e a executaram. Ele se tornou um mártir.

São Fidelis era, portanto, um missionário audacioso, forte e vigoroso que de bom grado enfrentou o martírio. Ele nos apresenta um admirável exemplo de coragem. Este é o espírito que deve ser visto nas notas que ele escreveu sobre sua vida:
“A partir de agora, quero viver em completa pobreza, castidade e obediência em meio a sofrimentos e perseguições, em penitência austera e profunda humildade. Vim do ventre de minha mãe sem nada e com nada desejo voltar aos braços do meu Salvador.”
A sentimentalist picture of St Fidelis

Uma imagem de São Fidelis no estilo sulpiciano saturada de sentimentalismo

Hoje, esse texto seria interpretado por pessoas sentimentais de uma maneira que provocaria emoções e lágrimas. Tais interpretações seguem o modelo do sentimentalismo religioso do século 19, conhecido como sulpicianismo, porque seu centro era a Igreja de São Sulpício, em Paris. Produziu estátuas sulpicianas, orações sulpicianas, modos de atuação sulpicianos e também mentalidades sulpicianas.

Essa invasão de sentimentalismo dentro da Igreja teve um efeito muito prejudicial sobre a mentalidade católica. Atuando nas tendências dos homens, procurou apresentar a vida de quase todos os santos de uma perspectiva sentimental, o que causou grandes danos à militância da Igreja Católica, sua principal característica.

Uma das consequências dessa abordagem sentimentalista foi o fato de fazer com que muitas pessoas sérias fugissem da piedade, e talvez até da Igreja.

Este texto de São Fidelis de Sigmaringa, no entanto, deve ser interpretado de acordo com o espírito viril que inspirou todas as suas ações. Essas palavras mostram que ele alcançou um alto grau de sabedoria, o que o levou a tomar uma decisão importante em sua vida. Vê-se pela natureza radical de seu texto que ele estava enfrentando um dilema: converter-se ou continuar sua vida de prestígio no mundo e perder sua alma. Então, seguindo a graça da sabedoria que o inspirava, ele escolheu se tornar um capuchinho.

Agora, então, um capuchinho é alheio aos bens materiais, ao prestígio terrestre e ao tipo de glória que o mundo dá, que provavelmente estavam atraindo o jovem Markus Rey antes de se tornar frade.

Angry heretics rushing to kill St Fidelis Sigmaringen

São Fidelis enfrenta seus assassinos: "Eu vim extirpar sua heresia, não abraçá-la"

Portanto, sua escolha foi um ato de vontade viril, um ato ditado pela razão: “Para alcançar o objetivo supremo para o qual nasci, renunciarei a todos os prazeres e glórias mundanos.” Ele percebeu que era assim que era chamado para imitar Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quais foram os sofrimentos e as perseguições que ele sofreu por causa dessa escolha? Uma vez que ele atacou fortemente os inimigos da Igreja e não lhes deixou saída, eles o mataram. Portanto, ele sofreu as perseguições e provações de um guerreiro indomável. E prevendo a batalha pela frente, ele escreveu as linhas citadas acima.

Ele as escreveu, portanto, sem nenhum sentimentalismo. Não havia nada de adocicado neles, e o texto deveria despertar uma admiração salutar que é completamente subordinada à razão. Essas palavras vieram de um homem cheio de sabedoria e deveriam produzir em nós um amor pela sabedoria.

Peçamos a São Fidelis de Sigmaringa, que atacou fortemente a Revolução de seu tempo, para nos dar o amor pela sabedoria que orientou sua vida, a fim de nos tornar zelosos contra-revolucionários - como ele era - pela glória e exaltação da Santa Madre Igreja.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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