O Santo do Dia
São José Cafasso - 23 de Junho
Esta é um retrato de São José Cafasso (1811-1860).
Tenho a impressão de que ele tem um temperamento pronto para pegar fogo. Esse fogo está tão fortemente aliado ao amor -- concebido pela inteligência e exercido pela vontade -- que penetrou e conquistou completamente seus olhos. Embora toda a sua fisionomia seja muito expressiva, seus olhos dominam.
Depois de ver essa foto, é possível falar sobre nariz, boca, ouvido ou qualquer outra característica? Não, ele é apenas seus olhos. A impressão que temos não é um “casamento” do espírito com o corpo, mas o contrário. Ele tem um espírito que arde tão intensamente que consome o corpo. A presença de sua alma é tão intensa que ele quase não percebe que tem um corpo.
Podemos imaginar outro Santo em uma cama e descansando como um anjo na paz do Senhor. São José Cafasso é o mesmo sentado, ajoelhado ou deitado - é sempre esta figura ardente de olhos expressivos. Temos a impressão de que mesmo dormindo seus olhos fechados continuavam emitindo esse fogo.
Ele é extraordinário! Ele é um colosso de seriedade. Mais do que na escuridão de seus olhos, sua seriedade se expressa em algo profundamente investigativo, interrogativo e analítico. É um olhar analítico que avança, conquistando e dominando constantemente. Ele tem os critérios de análise, as ferramentas de análise, e sabe que não vale a pena prestar atenção em coisas insignificantes.
Se ele estivesse passando por uma rua e visse dois cachorros correndo, um perseguindo o outro, ele não prestaria atenção na cena ou a veria como um símbolo de outra coisa. Se não houvesse algo transcendente nele, ele o desconsideraria.
Este fogo e esta chama constituem algo verdadeiramente admirável!
Seu olhar está profundamente ligado a um ato de vontade. Sua análise vem não só da penetração da inteligência, mas também de sua firmeza. Não é apenas a firmeza, mas aquela agressividade agredi que São Tomás fala. Embora nunca tenha sido um cruzado, foi um homem que realizou obras de caridade, e se lhe fosse dada a tarefa de convocar uma cruzada, ele teria aquela eloquência feroz que move as massas.
Os senhores notem que há uma tristeza subjacente em seu olhar. É uma tristeza muito pacífica no sentido de que sua alma está em paz. É uma tristeza que pergunta: “Até você? Até você pecou dessa maneira e chegou a este ponto?” Toda a sua pessoa parece dizer: “Já sei que a maldade humana não tem fim. Até onde o olhar humano pode ver, não há fundo. É um abismo tão profundo que o olhar humano não consegue imaginá-lo. Que horror!”
Ele é um homem profundamente consciente do fato de que não podemos encontrar a verdadeira alegria ou deleite nesta vida. Ele está totalmente convencido de que é uma ilusão considerar o mundo tão bom. Para ele, a única realidade verdadeira é desconsiderar o mundo como nada e esperar pelo Céu. O fracasso do mundo em dar felicidade torna necessária a existência do Céu.
A profundidade dessa alma revela o contraste entre a ideia elevada de como as coisas deveriam ser, de como são os ideais modelo, de como é a ordem celestial e, por fim, de como é a realidade que ele tem diante dos olhos. Destes elevados critérios provêm a lucidez da sua análise, a firmeza da sua fidelidade, a energia da sua rejeição e o fogo da sua alma!
Quem gostaria de ser pego sussurrando algumas sugestões sujas em seu ouvido para degradar esta alma induzindo tal homem a pecar? Que remorso uma pessoa tão tola teria por fazer isso! Quem fizesse tais sugestões repetiria a traição de Judas, pois venderia Nosso Senhor presente nesta alma para pervertê-la.
A partir daqui entende-se por contraste como essa alma é bela. Se degradá-lo causaria tal aflição, quão grande seria a alegria daquele que cooperasse em santificá-lo! Quão grande é a alegria de perceber o que é esta alma, mesmo que não tenhamos contribuído para a sua santificação!
Quanta sede dessa alma! O que queremos dizer com ‘sede’ aqui? É o desejo ardente de ser como é para pertencer a Deus desta forma. É o desejo que ele condescendesse em descer do Céu e ajudar cada um de nós. Essa é a sede de almas.
Nota: José Cafasso nasceu em Castelnuovo d'Asti, no Piemonte, de pais camponeses. Estudou no Seminário de Turim e ordenado em 1833. Continuou seus estudos teológicos no Seminário e na Universidade de Turim e depois no Instituto de São Francisco, e apesar de ter um problema sério na coluna vertebra, tornou-se ali um brilhante professor de Teologia Moral.
Foi um professor popular, se opôs ativamente ao jansenismo e lutou contra a intromissão do Estado nos assuntos da Igreja. Sucedeu a Luiggi Guala como Reitor do Instituto em 1848 e impressionou profundamente os seus jovens sacerdotes estudantes com a sua santidade e insistência na disciplina e nos elevados padrões. Era um confessor e conselheiro espiritual muito procurado, além de assistir aos prisioneiros, trabalhando para melhorar suas más condições.
Conheceu Dom Bosco em 1827 e os dois tornaram-se amigos íntimos. Foi através do incentivo de José que João Bosco decidiu que sua vocação era trabalhar com meninos. José foi seu conselheiro, trabalhou próximo a ele em suas fundações e convenceu outros a financiar e fundar institutos religiosos e organizações de caridade. José morreu em 23 de junho em Torino e foi canonizado em 1947.
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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São José Cafasso
Depois de ver essa foto, é possível falar sobre nariz, boca, ouvido ou qualquer outra característica? Não, ele é apenas seus olhos. A impressão que temos não é um “casamento” do espírito com o corpo, mas o contrário. Ele tem um espírito que arde tão intensamente que consome o corpo. A presença de sua alma é tão intensa que ele quase não percebe que tem um corpo.
Podemos imaginar outro Santo em uma cama e descansando como um anjo na paz do Senhor. São José Cafasso é o mesmo sentado, ajoelhado ou deitado - é sempre esta figura ardente de olhos expressivos. Temos a impressão de que mesmo dormindo seus olhos fechados continuavam emitindo esse fogo.
Ele é extraordinário! Ele é um colosso de seriedade. Mais do que na escuridão de seus olhos, sua seriedade se expressa em algo profundamente investigativo, interrogativo e analítico. É um olhar analítico que avança, conquistando e dominando constantemente. Ele tem os critérios de análise, as ferramentas de análise, e sabe que não vale a pena prestar atenção em coisas insignificantes.
Se ele estivesse passando por uma rua e visse dois cachorros correndo, um perseguindo o outro, ele não prestaria atenção na cena ou a veria como um símbolo de outra coisa. Se não houvesse algo transcendente nele, ele o desconsideraria.
Este fogo e esta chama constituem algo verdadeiramente admirável!
Um olhar que revela uma vontade forte
Os senhores notem que há uma tristeza subjacente em seu olhar. É uma tristeza muito pacífica no sentido de que sua alma está em paz. É uma tristeza que pergunta: “Até você? Até você pecou dessa maneira e chegou a este ponto?” Toda a sua pessoa parece dizer: “Já sei que a maldade humana não tem fim. Até onde o olhar humano pode ver, não há fundo. É um abismo tão profundo que o olhar humano não consegue imaginá-lo. Que horror!”
Ele é um homem profundamente consciente do fato de que não podemos encontrar a verdadeira alegria ou deleite nesta vida. Ele está totalmente convencido de que é uma ilusão considerar o mundo tão bom. Para ele, a única realidade verdadeira é desconsiderar o mundo como nada e esperar pelo Céu. O fracasso do mundo em dar felicidade torna necessária a existência do Céu.
A profundidade dessa alma revela o contraste entre a ideia elevada de como as coisas deveriam ser, de como são os ideais modelo, de como é a ordem celestial e, por fim, de como é a realidade que ele tem diante dos olhos. Destes elevados critérios provêm a lucidez da sua análise, a firmeza da sua fidelidade, a energia da sua rejeição e o fogo da sua alma!
Seu túmulo no Santuario della Consolata,
o colégio que ele fundou
A partir daqui entende-se por contraste como essa alma é bela. Se degradá-lo causaria tal aflição, quão grande seria a alegria daquele que cooperasse em santificá-lo! Quão grande é a alegria de perceber o que é esta alma, mesmo que não tenhamos contribuído para a sua santificação!
Quanta sede dessa alma! O que queremos dizer com ‘sede’ aqui? É o desejo ardente de ser como é para pertencer a Deus desta forma. É o desejo que ele condescendesse em descer do Céu e ajudar cada um de nós. Essa é a sede de almas.
Nota: José Cafasso nasceu em Castelnuovo d'Asti, no Piemonte, de pais camponeses. Estudou no Seminário de Turim e ordenado em 1833. Continuou seus estudos teológicos no Seminário e na Universidade de Turim e depois no Instituto de São Francisco, e apesar de ter um problema sério na coluna vertebra, tornou-se ali um brilhante professor de Teologia Moral.
Ele era famoso em sua própria época pelo seu trabalho com prisioneiros e em sua luta contra o jansenismo
Conheceu Dom Bosco em 1827 e os dois tornaram-se amigos íntimos. Foi através do incentivo de José que João Bosco decidiu que sua vocação era trabalhar com meninos. José foi seu conselheiro, trabalhou próximo a ele em suas fundações e convenceu outros a financiar e fundar institutos religiosos e organizações de caridade. José morreu em 23 de junho em Torino e foi canonizado em 1947.
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.