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O Santo do Dia

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São Cizy de Besançon - 16 de Agosto

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Em 778, após conquistar a Espanha, os sarracenos cruzaram os Pirineus com um exército de 40.000 pessoas e entraram na Gália. Eles conquistaram grande parte da Septimania - uma região do sul da França - e chegaram aos arredores de Toulouse, construindo um grande número de mesquitas ao longo do rio Garonne.

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O vitral do martírio de São Cizy na Catedral de Rieux-Volvestre, abaixo

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Entre os guerreiros cheios de fé, que se uniram para expulsar da Gasconha os inimigos de Cristo, destacou-se Cizy de Besançon. Descendente dos antigos Duques de Borgonha e era tão famoso pela piedade quanto por seu valor militar. Os antigos registros de seu martírio afirmam que, sob a armadura de soldado, ele usava uma vestimenta austera, o que o tornava um homem de grande gravidade e modéstia.

Cumprindo todos os deveres de sua Fé, ele converteu muitos dos infiéis à Igreja Católica. Nos tribunais de Carlos Magno, aos quais prestou assistência, Cizy tratou dos casos com espantosa sagacidade, até silenciando os advogados que se espantavam com a sua competente aplicação das leis.

Assim, administrou justiça a todos, dando a cada um o que lhe é devido, suscitando a admiração de quem a presenciou. Em combate, ele frequentemente socorria seus companheiros feridos curando milagrosamente suas feridas.

Este soldado de Cristo recebeu de Carlos Magno o comando de um terço dos cavaleiros que defendiam as planícies ao longo do rio Garrone. À medida que o inimigo avançava, Cizy preparava as linhas católicas, inflamando seus cavaleiros com estas palavras:

“Meus companheiros de armas, lutem com coragem e ganharão uma coroa celestial. Nossos inimigos lutam por recompensas terrenas, mas nós lutamos por uma glória eterna. Não se impressione com o número deles, mas lembre-se dos prodígios que o Senhor operou tantas vezes contra os infiéis.”

Cizy avançou contra o inimigo com tanto ardor que quebrou as linhas pesadas dos sarracenos. Cercado por todos os lados, ele foi feito prisioneiro. Os inimigos ofereceram que o deixariam viver se ele abraçasse a religião de Maomé. Ele rejeitou a oferta com desprezo e, adorando Jesus Crucificado em seu coração, pediu o martírio. Os infiéis voltaram sua raiva contra ele e o esmagaram com seus martelos de guerra.

O exército católico, entretanto, respondeu com fúria ainda maior ao saber da morte de seu chefe. Não demorando para se vingar da morte covarde de seu comandante, os cavaleiros atacaram os sarracenos, venceram a batalha e encheram o campo de batalha com seus cadáveres massacrados.

Carlos Magno mandou erguer um túmulo de mármore no local, que ainda hoje conserva o nome de Cizy, e mandou trazer o corpo do mártir para ser enterrado. Posteriormente, com o saque retirado da batalha, construiu uma capela onde, pela graça de Deus, muitos milagres foram realizados por intercessão do santo guerreiro. (Paul Guérin, Les Petits Bollandistes Vies des Saints, Bar-le-Duc:Louis Guérin, 1873, pp. 633-634)

Comentários do Prof. Plinio:

O que é especialmente belo na vida de São Cizy é o equilíbrio entre os aspectos aparentemente contraditórios de sua personalidade.

Por um lado, o soldado daquela época, ainda mais do que hoje, era um homem rude e, infelizmente, muitas vezes não era casto. Os senhores veem que São Cizy foi um grande guerreiro e, ao mesmo tempo, extremamente puro, muito piedoso e de excelentes modos.

Carlos Magno nunca teria colocado um exército sob o comando de São Cizy se não tivesse dado provas de seu valor militar. Além disso, ele tinha as virtudes que eram muito difíceis de praticar naquele estado de vida.

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Uma procissão pelas ruas de Rieux para homenagear seu padroeiro São Cizy
Por outro lado, o espírito militar tende a simplificar as questões, resolvendo-as pela força em vez de argumentos. Vejam que, apesar dessa tendência, São Cizy foi um grande guerreiro e um advogado habilidoso que não gostava de resolver pela força o que a razão e o talento podiam resolver com justiça.

Foi um homem que defendeu as causas das pessoas em dificuldade perante o severo tribunal de Carlos Magno. Além disso, era um homem cheio de compaixão pelos enfermos e cuidava de seus companheiros feridos, muitas vezes realizando curas milagrosas.

Às vezes abria as feridas dos inimigos no campo de batalha, mesmo enquanto fechava as feridas dos amigos.

Esse contraste de qualidades pode confundir uma mente não acostumada à policromia da mentalidade católica. Na harmonia dessas aparentes contradições, encontramos o esplendor do espírito da Igreja. Esse mesmo homem entrou na batalha com tanto ardor que rompeu as linhas dos sarracenos, viu-se cercado e morreu defendendo a Fé.

A parte mais bela não foi apenas sua morte, mas logo depois, podemos supor sua alma que deixando o seu corpo, entrou na glória celestial. Ele surge diante de Deus para implorar suas bênçãos sobre os seus guerreiros para que nova onda de coragem tomasse os seus soldados, que não perderam tempo em vingar sua morte.

Depois de tantos feitos tremendos do guerreiro Cizy, vemos a benevolência de seu Rei, o futuro grande Imperador, o grande patriarca de toda a civilização ocidental, o homem cujo nome é pronunciado com respeito até hoje. Carlos Magno ordenou que fosse construída uma tumba de mármore, um ato significativo, uma vez que nessas áreas o mármore não estava disponível. Ele também ordenou que uma capela fosse erguida sobre o túmulo, paga com o saque do inimigo.

Que bela morte para um guerreiro católico: morrer com a admiração de seu Imperador e de seus companheiros guerreiros, com o corpo dilacerado pelas feridas que os inimigos fizeram, com a glória conquistada pelos inimigos que ele havia enterrado. É a morte de um guerreiro cristão, um advogado, um homem de caridade, um homem de educação culta, um soldado fiel de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Ruínas da antiga igreja de São Cizy em Rieux-Volvestre
Nesta policromia, neste jogo de aspectos opostos, mas harmoniosos, entra uma nota de perfeição e completude que encanta o espectador. Mostra-nos como a Igreja Católica é profundamente santa em seu ensino de que as almas devem ser perfeitas em virtudes aparentemente opostas, mas sem contradições.

Indica a abundância do terreno comum de todas essas virtudes; um terreno comum que é o amor de Deus. Somente um grande amor a Deus pode tornar uma pessoa tão magnífica nos extremos aparentemente opostos de sua personalidade. Esta é a vida extraordinária de São Cizy.

Não posso deixar de fazer outro comentário. Mesmo antes de Paulo VI destituir muitos santos do Calendário dos Santos, onde permaneceram por séculos, aqueles que promovem a escola da piedade sentimental fizeram algo semelhante a muitos outros santos.

Quem de nós já havia ouvido falar de São Cizy? Quem já havia ouvido elogios a esta vida magnífica? E por que não ouvimos nada? É porque os santos desse tipo foram relegados ao esquecimento e ao silêncio. Os santos combativos foram colocados entre parênteses para apresentar aos fiéis aspectos exagerados da bondade e da misericórdia dos outros. Essa tática preparou a Igreja para a mentalidade progressista e ecumenista de nossos dias.

Alguém poderia me perguntar: por que o senhor insiste neste ponto? Insisto porque temo que, se não o fizer, no Reino de Maria seremos invadidos pelo otimismo e deixaremos de ser tão vigilantes como devemos ser. No Reino de Maria, uma vigilância ainda maior será necessária, pois o inimucus homo [o inimigo do homem, o Diabo] estará entre nós. Ele plantará apenas uma pequena semente, mas dessa semente virá toda a última catástrofe e a queda do fim dos tempos.

Por isso, insisto que, ao terminar o castigo e começar o Reino de Maria, não imaginem que minha primeira reação será cantar Gloria in excelsis Deo. Será para buscar os inimigos que ainda permanecem. Deixe os outros cantarem; sempre tem muita gente pronta para cantar, mas poucos esperando para lutar com tenacidade. Devemos estar vigilantes e combater incansavelmente até que a História chegue ao fim. Isso é o que devemos desejar.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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