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O Santo do Dia

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São Faro - 28 de Outubro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Faro nasceu por volta do ano 585 em uma família nobre da Borgonha, França. Sua irmã era Santa Fara, famosa por seus milagres e pelo convento que ela fundou.

Faro foi criado na corte do Rei Teodeberto da Austrásia. Em sua juventude deu provas de prudência e valor nas batalhas que o tornaram estimado por seu soberano e outros reis que governavam a França. Em 613, Faro foi convidado para ser conselheiro do Rei Clotário II. Ele se casou com Blidechild, uma princesa de grande virtude, tendo sido um forte defensor da monarquia com todo o seu esplendor. Ademais, desempenhou um papel notável na guerra contra os saxões.

Possuía o dom do conselho, que usava para ajudar os desafortunados e oprimidos. Dois episódios, amplamente difundidos entre o povo da época, ilustram esse dom.

King Clotaire and his counselors

São Faro foi escolhido conselheiro do Rei Clotário II e chanceler do Rei Dagoberto

Em certa ocasião, alguns embaixadores saxões em visita à Austrásia responderam com insolência a Clotário II. O Rei, furioso, ordenou que fossem presos e sumariamente executados. Faro intercedeu para adiar a execução por um dia. Durante aquela noite, ele visitou os presos e os exortou a se converterem ao catolicismo para que não perdessem tanto o corpo quanto a alma. Eles ouviram suas palavras e receberam o Batismo. No dia seguinte, Faro pronunciou estas palavras perante o Rei e o seu Conselheiro: “Estes embaixadores já não são estranhos ao Rei, visto que agora estão vestidos com as túnicas brancas do batismo”. Surpreso e comovido com a notícia, Clotário, bom católico, os perdoou e os mandou de volta ao seu país.

Em outro episódio, Faro acompanhava Clotário em uma caçada. Uma pobre mulher se aproximou, chorando e pedindo ao Rei que a ajudasse em suas necessidades. O Rei estimulou seu cavalo a galopar para se livrar da mulher e continuar o esporte. Faro, a quem o povo chamava “o Cavaleiro de Deus,” seguia o Rei e defendia a causa da mulher com estas palavras: “Tu és um Rei e todos os dias pedes a Deus que te ajude nas tuas necessidades, o que é bom. Esta mulher está fazendo algo semelhante quando ela vem até vós com suas necessidades. Ela está pedindo a vós muito menos do que vós pedis a Deus. Como podeis pensar que Ele vai vos ouvir se vós não a ouvirdes?”

O Rei permaneceu teimoso em sua recusa, e então seu cavalo o jogou no chão e ele machucou seu pé. Clotário reconheceu o acidente como um sinal de Deus. Ele então resolveu seguir o conselho que lhe fora dado e ajudou a mulher.

Por causa desses e de tantos outros episódios semelhantes, a fama de São Faro se difundiu e cresceu entre os franceses. Com efeito, foi uma figura em quase todas as canções populares da época.

Depois de um tempo, Faro e sua esposa concordaram em viver separados e ele se tornou monge. Após a morte dela, ele foi nomeado Bispo de Meaux e foi nomeado chanceler do Rei Dagoberto I. Em 28 de outubro de 675, ele terminou seus dias na paz do Senhor.

Comentários do Prof. Plinio:

Esta é uma seleção muito bonita. São Faro viveu muito tempo, desenvolveu muitas qualidades diferentes, ocupou diversos cargos e revelou uma imensa amplitude de personalidade. Para entender esse trecho sobre ele, os senhores devem considerar a situação da França naquela época.

mounted knights in fierce combat

Naquela época, a França era um país dividido, com muitos pequenos reis que lutavam entre si e invadiam os bárbaros
A França e a Europa daquela época estavam em uma situação difícil. O Império Romano havia caído e as tribos bárbaras invadiram toda a Europa. Eles não eram católicos, mas em parte arianos e em parte pagãos. O reino da França, que havia sido unido sob o reinado de Meroveu, foi fragmentado novamente.

Havia muitos pequenos reinos na França e, portanto, muitos pequenos reis. Eles estavam constantemente lutando contra si próprios e contra outros bárbaros vindos da Alemanha e do norte da Itália, e árabes da Espanha e do Sul da França.

Nesta situação, todos os nobres portavam armas. Os plebeus só lutaram em defesa das terras ou cidades onde viviam. Os nobres, entretanto, podiam ser convocados pelo rei para lutar em qualquer lugar. Eles constituíram a principal força na guerra. Cavalaria era a arma por excelência. Portanto, São Faro, que era um nobre, tinha a opção de ser cavaleiro ou religioso.

A primeira parte de sua missão era como um leigo, um cavaleiro. E já que a santidade exige perfeição em tudo, ele era um guerreiro perfeito, ele se destacava no papel de guerreiro. Os senhores têm que imaginá-lo na batalha não só se defendendo, mas também atacando e matando os inimigos, porque nenhum guerreiro pode ser excelente sem fazer isso.

Ele fez isso tão bem que foi estimado por seu próprio rei e por todos os outros reis do território francês. A França estava fragmentada, mas a fama de São Faro e a admiração por ele irromperam por todo o território francês, criando um elemento para a futura unificação do país.

Quando São Faro lutou pela sua Fé contra pagãos como os saxões ou os mouros, o seu zelo teria sido duplicado, pois a luta por um ideal religioso é aquela que envolve todo o homem e multiplica as suas forças. Esta é uma provável razão pela qual ele era tão famoso e bem conceituado.

Mas ele não era apenas um guerreiro, era um homem que sabia como lidar com as situações da vida. Cassou-se com uma princesa, aumentando assim sua própria posição social e adquirindo mais influência em outras partes da França. Era também um homem que sabia como lidar com reis. Não foi por acaso que ele se tornou conselheiro do Rei Clotário e, posteriormente, chanceler do Rei Dagoberto.

Hoje não entendemos a importância de ser um membro do Conselho do Rei. Naquela época, toda a vida de uma nação girava em torno da pessoa do monarca. Portanto, ser convidado para ser conselheiro do rei era uma oportunidade de influenciar o destino do país. Foi uma posição muito importante.

Os monarcas eram responsáveis por quase todas as decisões importantes, por isso costumavam consultar com frequência seus conselheiros, que eram escolhidos com cuidado. Portanto, ser convidado a se juntar ao Conselho do Rei também representou uma grande honra.

Um conselheiro do rei daquela época seria mais ou menos o que um ministro é hoje. Você pode ver que São Faro tinha uma posição muito elevada; acima dele estava apenas o rei. Mas ele não foi movido pela ambição de uma carreira ou outra glória humana. Ele desejava deixar o mundo e servir apenas a Nosso Senhor. Assim que seu dever para com o rei foi cumprido, ele decidiu deixar as coisas deste mundo para se tornar um monge. Essa falta de ambição proporciona um estado de espírito que o torna um grande conselheiro de reis.

St Faro as monk

Ele deixou as coisas deste mundo para se tornar um monge
O bom conselheiro não é aquele que diz coisas agradáveis para afagar ao rei. Antes, ele é aquele que acima de tudo tenta influenciar o rei a seguir o caminho da vida eterna, mostrando-lhe qual é o seu dever perante Deus e a Igreja Católica.

Depois disso, o papel do conselheiro é ter um senso político e compreensão das situações, a fim de aconselhar o rei em questões de guerra ou paz, o tratamento dos adversários, o manejo das finanças, a organização e o tom do tribunal, como ele deve se apresentar para ser um modelo católico, e assim por diante.

Tudo isso estava incluído na função de conselheiro. Tudo isto São Faro fez com excelência, e por isso foi escolhido para assessorar o Rei Clotário, e depois, para ser chanceler do Rei Dagoberto.

Os dois episódios, muito pitorescos e um pouco bárbaros, ilustram bem o ambiente de sã simplicidade dos tempos em que São Faro desenvolveu os seus dotes e difundiu as graças sobrenaturais que acompanharam as suas ações. Esses episódios nos mostram que tudo o que o Santo tocou, uma maravilha se seguiu. sua vida é para nós uma espécie de quadro em um vitral através do qual brilha o sol da graça.

Hoje, séculos após sua morte, uma reunião está sendo feita para homenageá-lo. Enquanto este mundo existir, de tempos em tempos a vida de São Faro será contada e admirada. A fama dos santos na terra é um símbolo da glória que eles têm na eternidade.

São Faro do Céu segue-nos neste preciso momento enquanto falamos dele. O que devemos pedir a ele? Devemos pedir-lhe que nos dê a sua piedade, a sua fé, a sua combatividade e o seu conselho para cumprir o nosso dever ao serviço de Nossa Senhora.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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