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São Pedro Canísio - 21 de Dezembro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

São Pedro Canísio (1521-1597), membro da Companhia de Jesus, é Confessor e Doutor da Igreja. Ele liderou a Contra-Reforma em terras alemãs, escreveu um catecismo que teve 200 edições em sua vida e ficou conhecido como o Martelo dos Protestantes.

St. Peter Canisius
São Pedro Canísio lutou contra o protestantismo
na Alemanha, Áustria, Hungria e Suíça
Em 1555, o Imperador Ferdinando da Áustria escreveu a São Pedro Canísio esta carta sobre a primeira parte do catecismo que ele havia escrito:

“Digno padre e querido amigo.

“Lemos e examinamos a primeira parte de seu catecismo. Com a ajuda de Deus, julgamos que a publicação dessa obra ajudará muito na salvação eterna de nossos súditos fiéis. Solicitamos, portanto, que o finalize sem demora e nos envie uma cópia completa para que possamos traduzi-lo para o idioma alemão. Depois de publicado em latim e alemão, será usado para ensinar os jovens em todas as nossas escolas, com exclusão de qualquer outro. Quem não obedecer a este decreto incorrerá em severas penalidades e em nossa indignação.

“Solicitamos que inclua nas margens referências aos livros e capítulos dos textos das Escrituras, dos Padres e Doutores da Igreja, bem como do Direito Canônico, que cita com grande erudição ao longo da obra. Isso permitirá que os mestres e pessoas menos instruídas consultem esses originais.

“Temos grande esperança de que, por este meio, aqueles que caíram no erro sejam trazidos de volta ao seio da Santa Madre Igreja, e que muitos aderirão à doutrina de seu trabalho depois de examinar as fontes originais que usou. O catecismo ajudará milhares de almas e receberá cem vezes mais do Deus Todo-Poderoso como recompensa.

“Como um Rei Cristão sinceramente preocupado com a salvação eterna de nossos súditos fiéis, forneceremos com nossa munificência real uma compensação financeira para o Sr. e sua sociedade religiosa.”

Presbourg, 16 de março de 1553.

*

Também temos um trecho para ler de um sermão de São Pedro Canísio sobre a corrupção do clero na Alemanha:
“Nós desonramos o altar de Deus com mãos impuras e lábios corrompidos, com nossos corações poluídos, vidas escandalosas e abusos enormes. Nosso pecado é ainda maior porque insultamos a dignidade [sacerdotal] que nos foi concedida. Portanto, por nossa causa, o nome de Deus é blasfemado. Para esses homens, não há honestidade em casa, nem sobriedade à mesa, nem continência na cama, nem estudo de seus livros, nem devoção em seus corações.”

Comentários do Prof. Plinio:

Cada um dos dois textos merece um comentário.

A primeira seleção apresenta a posição do Imperador Ferdinando da Áustria sobre a disseminação da Fé Católica em seu Império.

Emperor Ferdinand I of Austria

Imperador Ferdinando I da Áustria

Os Srs. podem notar que neste trecho o Imperador assumiu algumas posições influenciadas pelo erro do Realismo (ou Regalismo), ou seja, uma interferência indevida do Monarca nos assuntos da Igreja. Ele decretou o uso do catecismo de São Pedro Canísio como se ele fosse uma autoridade espiritual. Ele afirmou que a autoridade real proibiria a distribuição de qualquer outro catecismo na Áustria e favoreceria apenas este. Em seguida, deu ordem a São Pedro Canísio para colocar citações nas margens, como se o santo fosse seu funcionário.

Se é verdade que esta nota desagradável aparece na carta, há, não obstante, um aspecto que é muito louvável. Oferece até uma lição de virtude para o homem de hoje, que se acostumou ao laicismo maciço de nossos dias. Nesta carta podemos ver o desejo notável de um Rei Católico de disseminar a verdadeira doutrina em seu reino.

Podem ver que ele recebeu a primeira parte do catecismo, analisou-o e formou um alto julgamento dele e de São Pedro Canísio. Então, ele desejou ardentemente propagá-lo em todo o seu reino. Para tanto, solicitou que a obra fosse concluída o mais rápido possível. Explicou ao Santo os bons resultados que esperava do seu catecismo bem como prometeu traduzi-lo para o alemão. A divulgação desse catecismo foi uma grande obra da Contra-Revolução; portanto, o Imperador estava fazendo um grande bem para a Igreja.

Este catecismo particular era importante porque muitos outros autores que escreviam catecismos católicos faziam concessões aos erros da época e, por isso, tinham um sabor protestante.

Portanto, era raro, mesmo então, encontrar um bom catecismo que fosse ortodoxo e simultaneamente acessível à média dos jovens e crianças. Portanto, os srs. podem entender a ânsia do Imperador em aproveitar esta oportunidade. O bom Imperador católico assumiu uma postura de zelo.

Ele queria estabelecer o catecismo de São Pedro Canísio como o único Império porque era sua missão defender a Fé. Primeiro, porque ele era católico, e segundo, porque a maior preocupação do poder público deve ser a difusão da Fé católica. Se a Fé católica for bem ensinada e disseminada em um reino, muito bem pode ser esperado. Se for mal ensinado e difundido, nada de bom virá disso, pois todo o bem vem somente da Santa Fé Católica.

Esta preocupação fundamental está no cerne da carta, e é bom ver o representante da mais alta potência na terra tão diligente na difusão da sólida doutrina católica.

Se compararmos sua posição com a de muitos estadistas poderosos de nosso tempo, compreenderemos o quanto toda a ordem social declinou e a influência religiosa saudável diminuiu no mundo contemporâneo. Nesse sentido, a carta é edificante.

St. Peter canisius being enlightened by an angel while reading scripture

São Pedro Canísio teve a coragem
de repreender o mau clero Alemão
O segundo texto é extraído de um sermão de São Pedro Canísio que falou sobre a situação do clero alemão de seu tempo.

Ele falou no plural “nós” não porque se considerasse culpado, mas como cortesia para com os outros. Uma regra de cortesia diz que quando alguém tem que repreender o outro, em vez de dizer: "Você tem esse defeito," deve-se dizer: "Temos esse defeito.” Esse “nós” é uma forma educada de dizer as coisas, quem não é tolo entende isso.

É uma forma de falar que revela o desejo de não ofender os outros, que é uma ação de polidez, uma forma apurada de exercer as virtudes da caridade e da justiça. Revela o respeito que devemos ter por alguém a quem estamos repreendendo.

Ele apontou muito clara e concisamente os defeitos do clero de seu tempo. É sempre útil ver um santo reprovando o clero, porque a tendência normal dos leigos católicos é assumir uma postura de respeito, complacência e simpatia para com o clero. Embora essa tendência seja boa, o que não é bom é fechar os olhos para a verdade e a realidade. Também um leigo tem a obrigação de analisar os defeitos do clero. Ele não deve negar a verdade em nome do respeito. Isso está claramente errado. É útil ver que os santos não tomaram

essa atitude. São Pedro Canísio disse que o clero era composto por homens cujas vidas não eram honestas. Ele disse que eles não estavam sóbrios à mesa ou puros em suas camas. Eles não se importavam com os livros em seus estudos e nenhuma devoção em seus corações. O que sobrou? Nada!

É uma reprimenda muito forte. O santo olhou e viu a situação com clareza e objetividade, e então falou com palavras que condenaram veementemente os erros. É bom para nós vermos o exemplo de um grande santo como São Pedro Canísio para nos mostrar que devemos ser destemidos da alma e da palavra ao falar contra os erros do clero de hoje, tanto quanto as circunstâncias o exijam.

Devemos pedir a São Pedro Canísio que nos conceda esta graça.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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