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O Santo do Dia
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São Germano de Auxerre - 31 de Julho

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Seleção Biográfica:

São Germano, nascido em uma das famílias mais nobres da Gália, foi Bispo da Diocese francesa de Auxerre no século V. Ele foi enviado como missionário à Inglaterra por volta de 429 para combater os erros dos pelagianos. Zelosamente confirmou os católicos na Fé verdadeira e converteu os hereges, pregando frequentemente nas estradas e nos campos quando as igrejas não eram capazes de conter as multidões que se aglomeravam para ouvi-lo.

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São Germano viaja para a Inglaterra para combater os Pelagianos

Dois povos bárbaros - os pictos e os saxões - invadiram a Grã-Bretanha e estavam atacando os bretões nativos. São Germano não hesitou em empunhar a espada e assumir o papel de comandante-chefe dos anglos em um local montanhoso perto de um rio em Mold (Norte de Gales). Conforme o inimigo se aproximava, São Germano lançava seus guerreiros contra eles, levando-os a um vale entre duas altas montanhas. Lá ele ordenou que seus homens bradassem o grito de guerra "Aleluia!", quando ele desse o sinal.

O som ecoou das colinas com um estardalhaço tal que os bárbaros acreditaram que enfrentariam um poderoso exército. Em pânico, eles baixaram os braços e correram. Muitos deles morreram afogados no rio enquanto corriam loucamente para cruzá-lo. Os outros caíram sob as espadas dos soldados de São Germano.

Uma vez, Eocarich, um Rei bárbaro, foi enviado para subjugar o povo de Armórica, ou Bretanha, para puni-los por uma revolta recente. O Santo concordou em ser seu protetor. São Germano corajosamente cercou o bárbaro para impedir a expedição.

Eocarich com raiva gesticulou para que o Santo saísse de seu caminho. Pegando o cavalo do chefe pelas rédeas, São Germano gritou em voz alta: "Você passará por cima do meu cadáver, ó Rei dos Alemannis, ou ouvirá minhas palavras, porque eu falo com você em nome de Cristo, o Rei do Céu."

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O funeral de São Germano em Ravena

O Rei, impressionado com a majestade sobrenatural do Bispo, apeou, ouviu suas palavras e concordou em chamar suas tropas e não devastar a província.

Certa vez, quando estava em Autun, São Germano - seguido pelo povo - foi ao túmulo do Santo Bispo Cassiano. Depois de rezar por muito tempo, ele disse: "Glorioso irmão, o que Sr. faz no seu sepulcro?"

De dentro do túmulo veio uma voz respondendo: "Eu descanso na paz do Senhor e espero a vinda do meu Redentor."

São Germano respondeu: "Meu irmão, descanse neste sepulcro o tempo que quiser em Cristo Jesus. Adeus, até o fim do mundo. Reze por meu povo e por mim, para que possamos merecer a glória de uma feliz ressurreição."

São Germano morreu em Ravena no último dia de julho do ano 448, manteve-se em sua Sé 30 anos e 25 dias.

Comentários do Prof. Plinio:

O século 5 foi o século das grandes invasões. O Império Romano do Ocidente foi devastado pelos ataques dos bárbaros depois que eles cruzaram o Reno e o Danúbio e cobriram toda a Europa Ocidental. Foi um século de aflição para a Igreja porque, junto com os muitos bárbaros que eram pagãos, outros eram arianos.

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São Germano na Igreja Saint-Germain l'Auxerrois em Paris

O arianismo foi uma heresia que havia surgido um século antes e foi espalhada entre os bárbaros por um Bispo chamado Ulfilas. Ele influenciou grande número de invasores a terem um ódio mortal pela Igreja Católica. A invasão bárbara foi um desastre para a Igreja. Foi uma invasão de pagãos e hereges que queriam derrubar o Império Católico Latino. Além disso, foi uma invasão de pessoas sem qualquer civilização, que quebrou as estruturas da civilização romana sobre as quais o cristianismo havia deixado sua marca.

Em seguida, a Divina Providência suscitou uma série de grandes santos aos quais confiou a tarefa de transformar aquele revés em um dos maiores triunfos da História.

O Império Romano do Ocidente estava podre. Sua destruição final, que poderia ter sido algo ruim, foi uma coisa boa no sentido de que a podridão do Império desapareceu com ela. Mas a estrutura da Igreja permaneceu.

Essa estrutura, testada e comprovada por muitos sofrimentos e vitórias sobre as contaminações do decadente Império, estava em condições de enfrentar os bárbaros. Grandes santos, homens de Fé, milagres, homens que fizeram obras extraordinárias enfrentaram os bárbaros e os converteram. Ao mesmo tempo, eles comunicaram os resquícios da cultura latina aos bárbaros.

Desta mistura de elementos bárbaros, da cultura latina e, sobretudo, da Fé católica surgiu a síntese mais extraordinária que a História conheceu: a Idade Média. Foi a decadência da Idade Média que marcou o início da Revolução.

Pois bem, o Reino de Maria será uma nova Idade Média que nascerá das misteriosas convulsões previstas em Fátima. Em certo momento essas convulsões destruirão os restos das civilizações ocidental e oriental e o mundo sofrerá os castigos previstos em Fátima.

Existe uma fecunda analogia entre os santos que viveram no fim do Império Romano Ocidental e testemunharam o alvorecer da Idade Média e os homens que verão o fim da civilização ocidental em nossos tempos e o nascimento do Reino de Maria. Eles devem imitar aqueles santos.

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Depois de rezar e fazer milagres, São Germano batiza muitos soldados romanos

Essa semelhança faz com que tenhamos um interesse especial pelos santos daquela época. Um desses santos foi São Germano de Auxerre.

A seleção nos mostra alguns incidentes da vida de São Germano que devemos transportar para o nosso tempo para medir as diferenças.

Vemos que a descrição pinta uma figura não muito canônica de São Germano, mas um retrato muito impressionante de um grande santo: um Bispo e ao mesmo tempo um guerreiro. Por que ele não é uma figura muito canônica? É porque o Direito Canônico, com aquela sabedoria que caracteriza a Igreja, estabeleceu posteriormente que aqueles que representam Cristo - principalmente os Bispos que são os sucessores dos Apóstolos - não devem derramar sangue humano. Eles só podem fazer isso na legítima defesa de suas próprias vidas.

A regra foi feita não porque lutar seja imoral, mas sim por uma questão de conveniência, uma questão de congruência. Não é conveniente para um representante de Cristo se envolver em ações violentas que poderiam causar a morte de outra pessoa. É por isso que a Igreja recomenda que o padre não entre na batalha.

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São Germano concorda em liderar os soldados em uma batalha

Mas na época de São Germano, o Direito Canônico não proibia os Bispos de irem à guerra. Os tempos foram dominados pela invasão dos bárbaros, que consideravam absolutamente normal matar. Então, os senhores têm a venerável figura de São Germano que, de espada em punho, conduz os bretões para se defenderem daqueles que invadiram seu território.

Para nós, que estamos exaustos de ver tantas concessões feitas pela Hierarquia, exaustos de testemunhar tanta suavidade e tantas fugas, esta descrição nos entusiasma. Se eu visse uma espada do Bispo na mão liderando a luta, eu o seguiria e chamaria outros para se juntarem a nós.

São Germano costumava fazer isso. Esses bárbaros eram muito primitivos. São Germano era um homem civilizado. Ele podia liderar o povo para a batalha não porque fosse um militar treinado, mas porque tinha uma inteligência superior e podia julgar a maneira de contra-atacar o invasor. Fazendo isso, ele salvou muitas vidas.

Então, São Germano estava de um lado do rio perto de Mold atacando aqueles bárbaros que estavam a cruzar o rio e fez uma manobra brilhante. Desta forma, ele obteve uma grande vitória. Este é um primeiro 'flash' da vida e obra de São Germano.

Outro episódio descreve aquele Bispo, que não hesitou em liderar a luta, agora aparecendo como um apóstolo da paz, impedindo um Rei bárbaro de realizar uma ação violenta e talvez injusta. O Santo tomou as rédeas do cavalo do Rei e não o deixou prosseguir.

Aquele Rei, nem um pouco civilizado, mas um selvagem acostumado a todos os tipos de violência, ficou impressionado com a majestade de São Germano e a solenidade com que falava em nome de Jesus Cristo, o Rei dos Céus.

O selvagem apeou, pôs os braços de lado e provavelmente disse algo assim: "Pai, o que quer que eu faça?"

O Santo sentou-se com ele e falou. Ele venceu a batalha.

É um belo episódio que mostra a supremacia do sobrenatural sobre o natural, do espiritual sobre o material, da virtude sobre o mal.

Outro episódio narra a visita de São Germano ao sepulcro de um santo Bispo, São Cassiano. São Germano perguntou ao Bispo o que ele estava fazendo depois de sua morte.

A pergunta tem uma simplicidade que choca a mentalidade moderna, mas naquela época coisas assim aconteciam como uma bússola que Deus costumava dar aos homens de Fé.

Então, do túmulo veio a voz de São Cassiano, que respondeu estar aguardando sua ressurreição e a segunda vinda de Cristo. É uma bela lição sobre a imortalidade da alma e a recompensa que Deus dá aos bons, com a punição corolária para os maus.

Então, São Germano despediu-se dele e foi embora.

Os senhores podem imaginar a cena após este diálogo: São Germano deixando o cemitério perdido em seus pensamentos, e os pequenos que o viram comentando entre si sobre este episódio extraordinário. Vejam como a fé estava arraigada nas profundezas dessas almas e estava formando as raízes do que viria a ser a Idade Média.

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Um novo amanhecer surgirá com muitos milagres para inaugurar o Reino de Maria

Os senhores podem me dizer: Todos esses fatos são muito bonitos, mas como eles se relacionam com os nossos tempos?

Primeiramente, considerem que os povos decadentes são indiferentes aos milagres. Os romanos também. O mesmo acontece com a maioria dos homens contemporâneos. Essas pessoas representam o crepúsculo. Os milagres vêm para cultivar os povos que estão no alvorecer de sua vida espiritual.

Na época de São Germano, Deus estava preparando uma nova era. Hoje, as pessoas não acreditam em milagres. Basta considerar Lourdes ou Fátima: Quem mudou de vida por causa dos milagres ali operados? Praticamente ninguém.

Um grande castigo é necessário para purificar a humanidade e exterminar os expoentes do mal, cuja influência mantém os homens nas garras do demônio. Aqueles que permanecerão serão aqueles capazes de retornar à inocência e à simplicidade. Eles serão assistidos por milagres.


Tradition in Action



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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.