O Santo do Dia
São Pacômio, o Grande - 9 de Maio
Seleção Biográfica:
O sírio relata que um dia Pacômio, o Grande, estava sentado em seu lugar com outros padres sérios em seu mosteiro. Um certo monge, tendo feito duas esteiras de palha em vez de uma, colocou-as em um lugar onde Pacômio pudesse vê-las. Ele imaginou que Pacômio elogiaria sua diligência, já que a Regra prescrevia que cada monge deveria fazer uma esteira todos os dias e ele havia feito duas.
Quando o santo viu que o monge fizera isso por vaidade, disse aos que estavam com ele: "Vejam este irmão que se esforçou muito, de manhã à noite, para oferecer seu trabalho ao demônio, pois ama o louvor dos homens mais do que a glória de Deus."
Chamou o monge, repreendeu-o duramente e, por penitência, disse-lhe que viesse à oração da comunidade com suas duas esteiras de palha presas às costas.
Então, em voz alta, deve dizer: "Meus pais e irmãos, pelo amor do Senhor, peço a todos que rezem para que Deus tenha misericórdia deste miserável pecador, porque eu amei essas duas esteiras de palha mais do que o Reino do céu."
Ele também ordenou que o monge ficasse com as duas esteiras de palha às costas durante a refeição no refeitório.
Mas a penitência não terminou aí. Depois disso, São Pacômio ordenou que o monge permanecesse em sua cela sem sair dela por seis meses, jejuando apenas a pão e água, e ali, sozinho, deveria fazer duas esteiras de palha por dia.
A partir deste salutar exemplo podemos ver quão severas eram as penitências que os antigos Padres davam mesmo por pequenas faltas e como seus subordinados as recebiam com humildade e paciência e as aproveitavam para crescer em santidade.
Comentários de Dr. Plinio:
Creio que a consideração de maior interesse para nós não é propriamente esta, mas sim como São Pacômio nos mostra que ações pequenas e aparentemente inocentes são sintomas de estados espirituais muito ruins. Portanto, é necessária uma grande vigilância para discerni-los. Além disso, ele nos mostra como interpretar importantes situações espirituais.
Alguém de espírito liberal poderia dizer:
"A reação do bom Pacômio foi bastante exagerada! Qual é o problema de fazer duas esteiras de palha em vez de uma? Isso não significa nada! Pobre monge! Ele trabalhou um pouco mais - vamos supor que se comoveu um pouco pela vaidade – mas foi um bom esforço, é justo que na dura vida do claustro tenha o pequeno prazer de mostrar que sabia fazer duas esteiras de palha mais rápido e melhor que seus irmãos. Não há nada de errado com isso. Por que envergonhar este pobre homem tão severamente e dar-lhe uma penitência tão dura por uma coisa tão pequena?"
A esse liberal, responderíamos o seguinte: não é fazer a esteira extra de palha que era tão sério. Ao contrário, essa ação era importante porque indicava a presença e o dinamismo de um defeito, que é a pretensão ou o orgulho.
Então, depois de mostrar com orgulho que sabia fazer duas esteiras de palha, colocou-as sorrateiramente em um lugar onde São Pacômio as visse para receber seu louvor. Foi vaidade somada ao desejo de mostrar seu trabalho sob a aparência de humildade: colocou as duas pequenas esteiras de palha perto de São Pacômio porque queria parecer humilde e não anunciar sua conquista.
Ou seja, sua mensagem não era apenas "olhe para mim porque sei fazer esteiras de palha," mas também "olhe para mim porque sou muito humilde."
É precisamente o que ele não era. Esse engrandecimento de si mesmo é o que reflete seu amor-próprio, que era muito vivaz naquele monge.
Falar de um amor-próprio vivaz é claramente um pleonasmo, porque o amor-próprio é vivaz per se. Ele reage com um impulso extraordinário em cada homem. Se um homem faz a menor concessão a isso, uma fera é solta dentro dessa pessoa. É como se ouvíssemos o rugido de um leão em nossa vizinhança. Só um louco não se preocuparia com um leão andando livre nas nossas proximidades. Ele pode entrar em qualquer uma dessas casas e matar os habitantes. É um perigo real.
O monge que fazia as duas esteiras de palha era o rugido do leão; o leão foi o dinamismo de seu amor próprio que começou a explodir naquele pequeno ato. São Pacômio domou aquele leão. Isto é o que aconteceu e esta é a lição para nós na história.
É mediante os pequenos sintomas que devemos interpretar os bons impulsos de uma alma; com ainda mais atenção devemos estar atentos aos maus impulsos de uma alma, porque é mais difícil perceber. Devemos interpretar esses pequenos sintomas nas almas que conhecemos, no ambiente que nos cerca e na decadência de nossa civilização e costumes.
São os pequenos sintomas que nos fazem ver a Revolução e a Contra-Revolução em nós e ao nosso redor. Esta é a grande lição de São Pacômio.
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
O sírio relata que um dia Pacômio, o Grande, estava sentado em seu lugar com outros padres sérios em seu mosteiro. Um certo monge, tendo feito duas esteiras de palha em vez de uma, colocou-as em um lugar onde Pacômio pudesse vê-las. Ele imaginou que Pacômio elogiaria sua diligência, já que a Regra prescrevia que cada monge deveria fazer uma esteira todos os dias e ele havia feito duas.
São Pacômio, o Grande (292-348) escreveu a primeira Regra do Monaquismo inspirado por um Anjo
Chamou o monge, repreendeu-o duramente e, por penitência, disse-lhe que viesse à oração da comunidade com suas duas esteiras de palha presas às costas.
Então, em voz alta, deve dizer: "Meus pais e irmãos, pelo amor do Senhor, peço a todos que rezem para que Deus tenha misericórdia deste miserável pecador, porque eu amei essas duas esteiras de palha mais do que o Reino do céu."
Ele também ordenou que o monge ficasse com as duas esteiras de palha às costas durante a refeição no refeitório.
Mas a penitência não terminou aí. Depois disso, São Pacômio ordenou que o monge permanecesse em sua cela sem sair dela por seis meses, jejuando apenas a pão e água, e ali, sozinho, deveria fazer duas esteiras de palha por dia.
A partir deste salutar exemplo podemos ver quão severas eram as penitências que os antigos Padres davam mesmo por pequenas faltas e como seus subordinados as recebiam com humildade e paciência e as aproveitavam para crescer em santidade.
Comentários de Dr. Plinio:
Creio que a consideração de maior interesse para nós não é propriamente esta, mas sim como São Pacômio nos mostra que ações pequenas e aparentemente inocentes são sintomas de estados espirituais muito ruins. Portanto, é necessária uma grande vigilância para discerni-los. Além disso, ele nos mostra como interpretar importantes situações espirituais.
O Santo repreendeu o monge e ordenou que ele usasse as duas esteiras nas costas no refeitório
"A reação do bom Pacômio foi bastante exagerada! Qual é o problema de fazer duas esteiras de palha em vez de uma? Isso não significa nada! Pobre monge! Ele trabalhou um pouco mais - vamos supor que se comoveu um pouco pela vaidade – mas foi um bom esforço, é justo que na dura vida do claustro tenha o pequeno prazer de mostrar que sabia fazer duas esteiras de palha mais rápido e melhor que seus irmãos. Não há nada de errado com isso. Por que envergonhar este pobre homem tão severamente e dar-lhe uma penitência tão dura por uma coisa tão pequena?"
A esse liberal, responderíamos o seguinte: não é fazer a esteira extra de palha que era tão sério. Ao contrário, essa ação era importante porque indicava a presença e o dinamismo de um defeito, que é a pretensão ou o orgulho.
Então, depois de mostrar com orgulho que sabia fazer duas esteiras de palha, colocou-as sorrateiramente em um lugar onde São Pacômio as visse para receber seu louvor. Foi vaidade somada ao desejo de mostrar seu trabalho sob a aparência de humildade: colocou as duas pequenas esteiras de palha perto de São Pacômio porque queria parecer humilde e não anunciar sua conquista.
Amor próprio, um leão rugindo pronto para devorar sua vítima
É precisamente o que ele não era. Esse engrandecimento de si mesmo é o que reflete seu amor-próprio, que era muito vivaz naquele monge.
Falar de um amor-próprio vivaz é claramente um pleonasmo, porque o amor-próprio é vivaz per se. Ele reage com um impulso extraordinário em cada homem. Se um homem faz a menor concessão a isso, uma fera é solta dentro dessa pessoa. É como se ouvíssemos o rugido de um leão em nossa vizinhança. Só um louco não se preocuparia com um leão andando livre nas nossas proximidades. Ele pode entrar em qualquer uma dessas casas e matar os habitantes. É um perigo real.
O monge que fazia as duas esteiras de palha era o rugido do leão; o leão foi o dinamismo de seu amor próprio que começou a explodir naquele pequeno ato. São Pacômio domou aquele leão. Isto é o que aconteceu e esta é a lição para nós na história.
É mediante os pequenos sintomas que devemos interpretar os bons impulsos de uma alma; com ainda mais atenção devemos estar atentos aos maus impulsos de uma alma, porque é mais difícil perceber. Devemos interpretar esses pequenos sintomas nas almas que conhecemos, no ambiente que nos cerca e na decadência de nossa civilização e costumes.
São os pequenos sintomas que nos fazem ver a Revolução e a Contra-Revolução em nós e ao nosso redor. Esta é a grande lição de São Pacômio.
Os pequenos sintomas do vício devem ser
observados e combatidos
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.