O Santo do Dia
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Beato Goberto de Aspremont - 20 de Agosto
Seleção Biográfica:
O Beato Goberto de Aspremont ou Apremont (c.1187-1263) foi um Conde, um Cruzado e um monge. Durante toda a sua vida foi um guerreiro com alma de monge, e no final de sua vida morreu monge na Abadia cisterciense de Villers-en-Brabant.
Goberto era filho de Godfried, Conde de Aspremont em Lorraine e Elizabeth de Dampière. Ele e seu irmão Jean receberam uma excelente formação. Os dois meninos eram fortes, belos e muito dignos, além de refinados nos modos. Seu pai Godfried, observando as tendências de seus filhos, orientou Goberto a seguir o caminho militar e se tornar o próximo Lorde de Aspremont e seu irmão Jean a entrar no sacerdócio; ele se tornou o Bispo de Metz.
Goberto ficou conhecido por seus grandes feitos militares; ao mesmo tempo, tinha um grande temor e amor a Deus, ademais de uma forte devoção à Virgem Maria. Como jovem cavaleiro, entrou a serviço do Rei da França para combater os albigenses, que estavam espalhando sua doutrina imunda. Distinguiu-se por sua bravura e inteligência em muitos combates. Depois, para agradecer a Deus por sua proteção, ele se tornou um Cruzado.
Foi para a Palestina na expedição de Frederico II. No entanto, ao se aproximar da cidade de São João d’Acre, soube que o Imperador havia sido excomungado e que planejava expulsar os Templários daquela cidade para dominá-la. Indignado, Goberto abandonou o Imperador e, seguido por muitos soldados, foi até São João d’Acre.
Os Templários e os habitantes da cidade, que já conheciam as proezas militares de Goberto, o receberam como mensageiro do Céu. A defesa da cidade foi organizada e quando Frederico II viu a bandeira do Conde de Aspremont tremulando no topo das muralhas de Constantinopla, entendeu que não deveria tentar tomar a cidade; ele recuou e deixou a cidade sozinha.
Cumprida esta missão, o Beato Goberto viajou para os Lugares Santos para venerá-los. Mas decidiu não permanecer mais na Palestina, onde Frederico havia se unido aos muçulmanos. Retornou à Lorena em 1230, onde soube que o Conde de Bar havia aproveitado sua ausência para saquear seu país e sitiar a cidade de Metz. Seu súdito o chamou para ajudá-lo. Ele atendeu ao chamado dele, lutou e derrotou o Conde, salvando a cidade de Metz.
Algum tempo depois, cansado do barulho do mundo, o Conde de Aspremont retirou-se para o mosteiro de Villers-en-Brabant e recebeu o hábito cisterciense em 1237. Tornou-se tão santo como religioso como fora um grande soldado; era conhecido por sua austeridade e profunda devoção à Virgem Maria.
Assim entrou o guerreiro e o monge e venceu todos os grandes combates do Senhor quando Deus chamou seu generoso servo para sua eterna recompensa em 20 de agosto de 1263.
Comentários do Prof. Plinio:
Temos um exemplo magnífico para nós na vida do Beato Goberto de Aspremont porque soube seguir a vontade de Deus toda a sua vida como um verdadeiro servo do Senhor. Era um guerreiro e um monge. Para entendermos bem sua vida de guerreiro, devemos fazer algumas considerações.
Primeiro, seu nascimento. Ele era da Lorena (no nordeste da França), que era um feudo que foi o último ducado do Reino de Lotário, um dos netos de Carlos Magno. Do Reino de Lotário veio a Lotaríngia, que se tornou Lorena, acrescentando alguns pequenos Estados nas fronteiras entre a França e a Alemanha.
Naquela época, as fronteiras da França e da Alemanha não eram definidas como são hoje. Havia vários pequenos Estados que dependiam em certos assuntos do Rei da França e em outros assuntos do Imperador do Sacro Império Romano Alemão. Esses Estados estavam destinados a mitigar o choque entre as duas potências – Alemanha e França. Destes Estados, o mais importante foi Lorena.
Lorena era um ducado de alta cultura e civilização, célebre pelos grandes santos que havia dado à Igreja e continuaria a dar. Lorena era uma espécie de síntese dos espíritos francês e alemão. Foi um dos lugares mais importantes da Europa. Foi na Lorena que a Divina Providência escolheu para o Beato Goberto nascer.
Seu pai o destinou a carregar armas. Como guerreiro, Goberto imediatamente se envolveu nas grandes questões político-religiosas de seu tempo. A primeira questão política que teve de enfrentar foi a Cruzada contra os albigenses.
Os albigenses eram hereges gnósticos e maniqueus. Tinham uma doutrina dualista: pregavam a existência de dois deuses – um deus mau e um deus bom – que se combatiam. Mas eles consideravam que o deus bom era o Diabo e o deus mau era o Deus Verdadeiro. Eram, portanto, idólatras do Diabo. Eles aderiram à doutrina mais imoral e oculta que os senhores podem imaginar.
Essa doutrina se espalhou amplamente por todo o sul da França e foi combatida pelos elementos mais salutares da França, entre os quais o famoso Conde
Simão de Montfort, uma das figuras proeminentes da Cavalaria medieval.
Como o Rei da França – com o apoio da Santa Sé – havia declarado uma cruzada contra os albigenses, como guerreiro Beato Goberto colocou sua espada à disposição do Rei da França e lutou vitoriosamente contra os albigenses. Na verdade, os albigenses foram destruídos.
No sul da França hoje ainda existem alguns pequenos remanescentes dos albigenses. É uma característica curiosa da Europa que tais heresias se recusem a morrer. Restam ainda algumas pequenas gotas de albigenses, que, se a França tivesse um governo ultramontano, teriam secado imediatamente com o maior vigor.
Após esse combate, o Conde Goberto decidiu participar da Cruzada e, com aquela despreocupação própria do espírito do cavaleiro medieval, alistou-se na cruzada liderada pelo Imperador Frederico II. Frederico II era um homem extremamente mau, um traidor da civilização cristã e foi excomungado pelo Papa. Foi só quando chegou a São João d’Acre que o Beato Goberto foi informado de que o Imperador havia sido excomungado.
Ele também foi informado de que o Imperador queria destruir os Templários, que naquela época eram uma Ordem religiosa muito boa de monges-guerreiros. Diante disso, rompeu com o Imperador e organizou a defesa da cidade contra ele. Derrotou o Imperador, ou seja, o Imperador não poderia tomar a cidade de São João d’Acre, que naquela época era o principal reduto das forças católicas na Terra Santa.
Passou a venerar os Lugares Santos em Jerusalém, mas não quis ficar lá pois não era um grande senhor feudal – era um senhor feudal médio – e não tinha tropas necessárias para combater eficazmente a repugnante aliança que o Imperador tinha feito com os muçulmanos. Então, fortemente indignado contra o Imperador, retirou-se de Jerusalém e voltou para a Europa.
Na Europa, ele não depôs sua espada, mas travou batalhas importantes na Lorena para defender a população da cidade de Metz, uma importante cidade que estava sendo oprimida por certo senhor feudal, o Conde de Bar.
Ele terminou seus dias no claustro.
Aqui os senhores têm um homem que por toda a sua vida ativa foi um guerreiro, mas tinha uma alma de monge, e no final de sua vida ele morreu como monge.
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
O Beato Goberto de Aspremont ou Apremont (c.1187-1263) foi um Conde, um Cruzado e um monge. Durante toda a sua vida foi um guerreiro com alma de monge, e no final de sua vida morreu monge na Abadia cisterciense de Villers-en-Brabant.
Santo Goberto, guerreiro e cruzado toda a sua vida, morreu um monge
Goberto ficou conhecido por seus grandes feitos militares; ao mesmo tempo, tinha um grande temor e amor a Deus, ademais de uma forte devoção à Virgem Maria. Como jovem cavaleiro, entrou a serviço do Rei da França para combater os albigenses, que estavam espalhando sua doutrina imunda. Distinguiu-se por sua bravura e inteligência em muitos combates. Depois, para agradecer a Deus por sua proteção, ele se tornou um Cruzado.
Foi para a Palestina na expedição de Frederico II. No entanto, ao se aproximar da cidade de São João d’Acre, soube que o Imperador havia sido excomungado e que planejava expulsar os Templários daquela cidade para dominá-la. Indignado, Goberto abandonou o Imperador e, seguido por muitos soldados, foi até São João d’Acre.
Os Templários e os habitantes da cidade, que já conheciam as proezas militares de Goberto, o receberam como mensageiro do Céu. A defesa da cidade foi organizada e quando Frederico II viu a bandeira do Conde de Aspremont tremulando no topo das muralhas de Constantinopla, entendeu que não deveria tentar tomar a cidade; ele recuou e deixou a cidade sozinha.
Bandeira medieval da Casa de Aspremont
Algum tempo depois, cansado do barulho do mundo, o Conde de Aspremont retirou-se para o mosteiro de Villers-en-Brabant e recebeu o hábito cisterciense em 1237. Tornou-se tão santo como religioso como fora um grande soldado; era conhecido por sua austeridade e profunda devoção à Virgem Maria.
Assim entrou o guerreiro e o monge e venceu todos os grandes combates do Senhor quando Deus chamou seu generoso servo para sua eterna recompensa em 20 de agosto de 1263.
Comentários do Prof. Plinio:
Temos um exemplo magnífico para nós na vida do Beato Goberto de Aspremont porque soube seguir a vontade de Deus toda a sua vida como um verdadeiro servo do Senhor. Era um guerreiro e um monge. Para entendermos bem sua vida de guerreiro, devemos fazer algumas considerações.
Primeiro, seu nascimento. Ele era da Lorena (no nordeste da França), que era um feudo que foi o último ducado do Reino de Lotário, um dos netos de Carlos Magno. Do Reino de Lotário veio a Lotaríngia, que se tornou Lorena, acrescentando alguns pequenos Estados nas fronteiras entre a França e a Alemanha.
Primeiro, Goberto pegou em armas no combate contra os hereges albigenses no sul da França
Lorena era um ducado de alta cultura e civilização, célebre pelos grandes santos que havia dado à Igreja e continuaria a dar. Lorena era uma espécie de síntese dos espíritos francês e alemão. Foi um dos lugares mais importantes da Europa. Foi na Lorena que a Divina Providência escolheu para o Beato Goberto nascer.
Seu pai o destinou a carregar armas. Como guerreiro, Goberto imediatamente se envolveu nas grandes questões político-religiosas de seu tempo. A primeira questão política que teve de enfrentar foi a Cruzada contra os albigenses.
Os albigenses eram hereges gnósticos e maniqueus. Tinham uma doutrina dualista: pregavam a existência de dois deuses – um deus mau e um deus bom – que se combatiam. Mas eles consideravam que o deus bom era o Diabo e o deus mau era o Deus Verdadeiro. Eram, portanto, idólatras do Diabo. Eles aderiram à doutrina mais imoral e oculta que os senhores podem imaginar.
Em seguida, Beato Goberto tornou-se um cavaleiro Cruzado
Como o Rei da França – com o apoio da Santa Sé – havia declarado uma cruzada contra os albigenses, como guerreiro Beato Goberto colocou sua espada à disposição do Rei da França e lutou vitoriosamente contra os albigenses. Na verdade, os albigenses foram destruídos.
No sul da França hoje ainda existem alguns pequenos remanescentes dos albigenses. É uma característica curiosa da Europa que tais heresias se recusem a morrer. Restam ainda algumas pequenas gotas de albigenses, que, se a França tivesse um governo ultramontano, teriam secado imediatamente com o maior vigor.
Após esse combate, o Conde Goberto decidiu participar da Cruzada e, com aquela despreocupação própria do espírito do cavaleiro medieval, alistou-se na cruzada liderada pelo Imperador Frederico II. Frederico II era um homem extremamente mau, um traidor da civilização cristã e foi excomungado pelo Papa. Foi só quando chegou a São João d’Acre que o Beato Goberto foi informado de que o Imperador havia sido excomungado.
Finalmente, ele terminou seus dias na Abadia cisterciense de Villers-en-Brabant; abaixo, seu túmulo
Passou a venerar os Lugares Santos em Jerusalém, mas não quis ficar lá pois não era um grande senhor feudal – era um senhor feudal médio – e não tinha tropas necessárias para combater eficazmente a repugnante aliança que o Imperador tinha feito com os muçulmanos. Então, fortemente indignado contra o Imperador, retirou-se de Jerusalém e voltou para a Europa.
Na Europa, ele não depôs sua espada, mas travou batalhas importantes na Lorena para defender a população da cidade de Metz, uma importante cidade que estava sendo oprimida por certo senhor feudal, o Conde de Bar.
Ele terminou seus dias no claustro.
Aqui os senhores têm um homem que por toda a sua vida ativa foi um guerreiro, mas tinha uma alma de monge, e no final de sua vida ele morreu como monge.
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.