O Santo do Dia
Ven. Frei Antonio Galvão - 23 de Dezembro
Seleção Biográfica:
Frei Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em Guaratinguetá, Estado de São Paulo, Brasil, em 10 de maio de 1739. De boa família, seu pai era Capitão-mor da cidade; sua mãe era filha de um grande fazendeiro descendente do conhecido Bandeirante explorador, Fernão Dias Paes. (1) Ambos eram católicos muito devotos.
Aos 13 anos, seus pais o enviaram para um seminário jesuíta em Cachoeira, na Bahia. Mais tarde, devido à crescente perseguição aos jesuítas, que acabaram sendo expulsos de Portugal e do Brasil em 1759, mudou-se para um seminário franciscano no Rio de Janeiro. Em abril de 1762 foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco, em São Paulo.
Em fevereiro de 1774, Frei Galvão fundou o Convento de Nossa Senhora da Luz (Convento da Luz) na cidade de São Paulo e tornou-se seu diretor. O novo Convento foi incorporado à Ordem da Imaculada Conceição ou das Concepcionistas, ramo feminino da Ordem Franciscana. Ele escreveu os estatutos para a formação de suas monjas.
Frei Galvão sabia ler almas e muitas vezes era visto levitando em sua oração. Ele também estaria em dois lugares diferentes ao mesmo tempo para cuidar de pessoas doentes ou moribundas que pediam sua ajuda.
Faleceu a 23 de dezembro de 1822, no Convento da Luz e foi sepultado na sua Igreja. Logo seu túmulo se tornou um local de peregrinação devido às graças e favores que os fiéis receberam por sua intercessão.
A fama de sua santidade foi solidamente estabelecida ainda durante sua vida. Tantas pessoas presentes em seu velório cortaram pequenos pedaços de seu hábito para ter como relíquias que finalmente mal cobria seus joelhos, e teve que ser substituído por outro hábito para que ele pudesse ser devidamente enterrado.
A partir daí muitos vinham ao Convento pedir as "pílulas de papel" de Frei Galvão, que curavam muitos de problemas físicos e espirituais. Essas "pílulas" são feitas de papel tocado em seu túmulo enrolado em pequenas bolas ou cápsulas. Aqueles que engolem essas "pílulas" ficam curados de suas doenças; as "pílulas" são populares principalmente entre as grávidas com problemas para ter um parto feliz.
Nota da TIA: Os comentários a seguir do Prof. Plinio são trechos de um artigo que escreveu em 1974 sobre o Convento da Luz e o papel de Frei Galvão em um importante episódio de sua história. Não são comentários baseados na seleção biográfica acima, que incluímos para contextualizar o leitor sobre a vida de Frei Galvão.
Comentários do Prof. Plinio:
Em junho de 1775 terminou o mandato de Luiz Antônio Botelho e Mourão como Capitão General de São Paulo. (2) Ele o governou com sabedoria, firmeza e bondade. Seu sucessor foi Martim Lopes de Saldanha, sob cujo punho de ferro São Paulo suportou oito anos de despotismo e decisões arbitrárias.
Lopes, zeloso aplicador das leis perseguidoras da Igreja decretadas pelo anticlerical Marquês de Pombal (3), não tardou em comunicar ao Vice-Rei Marquês de Lavrado que mandara fechar o Convento da Luz onde 10 freiras viviam.
Lopes comunicou a ordem de encerramento ao submisso Bispo de São Paulo. No dia 29 de junho, festa de São Pedro, o Bispo chamou Frei Galvão – capelão e protetor da pequena ordem católica – e ordenou-lhe sob obediência que iniciasse a dissolução do Convento.
Depois que a ordem foi dada pelo Bispo – cujo dever real, porém, era proteger as religiosas e não as dispersar – Frei Galvão dirigiu-se ao Convento. A sua Capela estava apinhada de gente à espera da sua Missa. Depois dela, comunicou às freiras pesarosas a decisão arbitrária que as dissolveria. Disse-lhes que aconselhassem as suas famílias a vir levá-las para suas casas porque dentro de um mês o Convento fecharia as portas.
Três religiosas saíram, mas as outras decidiram resistir aos planos do Governador endossados pelo Bispo, permanecendo dentro dos limites do Direito Canônico. A ordem ordenava-lhes que fechassem o Convento, mas não o abandonassem. Elas o fecharam, mas decidiram continuar morando lá clandestinamente.
A resistência parecia absurda porque, uma vez descobertas pelo governador ou pelo Bispo, as autoridades tinham o poder – embora não o direito – de impor fortes penalidades canônicas e civis contra as religiosas. Como elas poderiam sobreviver na vida de clausura sem receber de fora os alimentos e a água necessários? Como as Irmãs poderiam entrar em contato com pessoas de fora do Convento sem o risco de serem denunciadas?
Sua persistência parecia absurda para criaturas sem fé, mas não para aqueles que acreditam que a fé pode mover montanhas. As freiras resolveram enfrentar o que era humanamente impossível. Elas fecharam as portas e janelas e cortaram todo contato com o mundo exterior.
Depois que seu pequeno estoque de comida acabou, as freiras conseguiram sobreviver com vegetais plantados em seu quintal. Nesse ínterim, uma abóbora começou a produzir tantos frutos que as religiosas não conseguiam comê-los todos.
Quando as freiras precisavam desesperadamente de água, elas se reuniram no coro da Capela em um agradável dia sem nuvens e rezaram pedindo chuva. Quase imediatamente o céu começou a se cobrir de nuvens; trovejou, e uma chuva copiosa caiu sobre o Convento e encheu todos os baldes e panelas que as irmãs puseram para recolhê-la. Uma vez que os contêineres estavam cheios, a chuva parou.
O Céu deu às "resistentes" assistência espiritual ainda maior. A alegria inundou as almas das monjas, que naquelas catacumbas receberam graças notáveis.
Durante um mês inteiro esta santa resistência continuou. Vários dias se passaram quando de repente fortes golpes na porta fizeram a comunidade tremer. Elas foram descobertas? Seriam levadas para a cadeia?
Elas ouviram com atenção e ouviram a voz de Frei Galvão, que as chamava pelo nome. Elas abriram a porta. Radiante de alegria, deu-lhes a notícia de que o Vice-Rei Marquês de Lavrado havia cancelado a ordem de fechamento do Convento e decidido permitir sua reabertura. Acabara de chegar do Rio de Janeiro uma carta comunicando a ordem, à qual o Bispo apressadamente acatou. Chegou a hora da recompensa das monjas vitoriosas, a hora do Te Deum e do Magnificat…
Fatos estes que encontrei no bem documentado livro Frei Galvão, o Bandeirante de Cristo, revela não só o vigor de alma das religiosas como também de Frei Galvão. Parece-me óbvio que ele sabia de sua resistência e a apoiava. Caso contrário, como ele poderia saber que elas ainda estavam no convento fechado com tábuas?
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
Frei Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em Guaratinguetá, Estado de São Paulo, Brasil, em 10 de maio de 1739. De boa família, seu pai era Capitão-mor da cidade; sua mãe era filha de um grande fazendeiro descendente do conhecido Bandeirante explorador, Fernão Dias Paes. (1) Ambos eram católicos muito devotos.
Antepassado de Frei Galvão, o famoso Bandeirante Fernão Dias Paes; abaixo, Frei Galvão
Em fevereiro de 1774, Frei Galvão fundou o Convento de Nossa Senhora da Luz (Convento da Luz) na cidade de São Paulo e tornou-se seu diretor. O novo Convento foi incorporado à Ordem da Imaculada Conceição ou das Concepcionistas, ramo feminino da Ordem Franciscana. Ele escreveu os estatutos para a formação de suas monjas.
Frei Galvão sabia ler almas e muitas vezes era visto levitando em sua oração. Ele também estaria em dois lugares diferentes ao mesmo tempo para cuidar de pessoas doentes ou moribundas que pediam sua ajuda.
Faleceu a 23 de dezembro de 1822, no Convento da Luz e foi sepultado na sua Igreja. Logo seu túmulo se tornou um local de peregrinação devido às graças e favores que os fiéis receberam por sua intercessão.
A fama de sua santidade foi solidamente estabelecida ainda durante sua vida. Tantas pessoas presentes em seu velório cortaram pequenos pedaços de seu hábito para ter como relíquias que finalmente mal cobria seus joelhos, e teve que ser substituído por outro hábito para que ele pudesse ser devidamente enterrado.
A partir daí muitos vinham ao Convento pedir as "pílulas de papel" de Frei Galvão, que curavam muitos de problemas físicos e espirituais. Essas "pílulas" são feitas de papel tocado em seu túmulo enrolado em pequenas bolas ou cápsulas. Aqueles que engolem essas "pílulas" ficam curados de suas doenças; as "pílulas" são populares principalmente entre as grávidas com problemas para ter um parto feliz.
Nota da TIA: Os comentários a seguir do Prof. Plinio são trechos de um artigo que escreveu em 1974 sobre o Convento da Luz e o papel de Frei Galvão em um importante episódio de sua história. Não são comentários baseados na seleção biográfica acima, que incluímos para contextualizar o leitor sobre a vida de Frei Galvão.
Comentários do Prof. Plinio:
Em junho de 1775 terminou o mandato de Luiz Antônio Botelho e Mourão como Capitão General de São Paulo. (2) Ele o governou com sabedoria, firmeza e bondade. Seu sucessor foi Martim Lopes de Saldanha, sob cujo punho de ferro São Paulo suportou oito anos de despotismo e decisões arbitrárias.
O Convento da Luz no século 19
Lopes comunicou a ordem de encerramento ao submisso Bispo de São Paulo. No dia 29 de junho, festa de São Pedro, o Bispo chamou Frei Galvão – capelão e protetor da pequena ordem católica – e ordenou-lhe sob obediência que iniciasse a dissolução do Convento.
Depois que a ordem foi dada pelo Bispo – cujo dever real, porém, era proteger as religiosas e não as dispersar – Frei Galvão dirigiu-se ao Convento. A sua Capela estava apinhada de gente à espera da sua Missa. Depois dela, comunicou às freiras pesarosas a decisão arbitrária que as dissolveria. Disse-lhes que aconselhassem as suas famílias a vir levá-las para suas casas porque dentro de um mês o Convento fecharia as portas.
Três religiosas saíram, mas as outras decidiram resistir aos planos do Governador endossados pelo Bispo, permanecendo dentro dos limites do Direito Canônico. A ordem ordenava-lhes que fechassem o Convento, mas não o abandonassem. Elas o fecharam, mas decidiram continuar morando lá clandestinamente.
A resistência parecia absurda porque, uma vez descobertas pelo governador ou pelo Bispo, as autoridades tinham o poder – embora não o direito – de impor fortes penalidades canônicas e civis contra as religiosas. Como elas poderiam sobreviver na vida de clausura sem receber de fora os alimentos e a água necessários? Como as Irmãs poderiam entrar em contato com pessoas de fora do Convento sem o risco de serem denunciadas?
Sua persistência parecia absurda para criaturas sem fé, mas não para aqueles que acreditam que a fé pode mover montanhas. As freiras resolveram enfrentar o que era humanamente impossível. Elas fecharam as portas e janelas e cortaram todo contato com o mundo exterior.
Depois que seu pequeno estoque de comida acabou, as freiras conseguiram sobreviver com vegetais plantados em seu quintal. Nesse ínterim, uma abóbora começou a produzir tantos frutos que as religiosas não conseguiam comê-los todos.
Santinhos com papéis tocados no túmulo de Frei Galvão e suas 'pílulas' - artigos muito solicitados pelos fiéis
O Céu deu às "resistentes" assistência espiritual ainda maior. A alegria inundou as almas das monjas, que naquelas catacumbas receberam graças notáveis.
Durante um mês inteiro esta santa resistência continuou. Vários dias se passaram quando de repente fortes golpes na porta fizeram a comunidade tremer. Elas foram descobertas? Seriam levadas para a cadeia?
Elas ouviram com atenção e ouviram a voz de Frei Galvão, que as chamava pelo nome. Elas abriram a porta. Radiante de alegria, deu-lhes a notícia de que o Vice-Rei Marquês de Lavrado havia cancelado a ordem de fechamento do Convento e decidido permitir sua reabertura. Acabara de chegar do Rio de Janeiro uma carta comunicando a ordem, à qual o Bispo apressadamente acatou. Chegou a hora da recompensa das monjas vitoriosas, a hora do Te Deum e do Magnificat…
Fatos estes que encontrei no bem documentado livro Frei Galvão, o Bandeirante de Cristo, revela não só o vigor de alma das religiosas como também de Frei Galvão. Parece-me óbvio que ele sabia de sua resistência e a apoiava. Caso contrário, como ele poderia saber que elas ainda estavam no convento fechado com tábuas?
- Um Bandeirante foi um explorador/colonizador português de primeira geração que se estabeleceu no Brasil. Era um desses aventureiros que se adentravam nas matas do interior e expandiam os limites do Brasil muito além dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Trariam consigo as bandeiras, ou seja, bandeiras, para marcar as novas fronteiras do Brasil. Daí o nome: bandeirantes - porta-bandeiras. Aqueles homens eram considerados heróis pelos brasileiros, principalmente pelos paulistas de onde vinham a maioria.
- Capitania de São Paulo era o nome do Estado de São Paulo quando o Brasil era Vice-Reino de Portugal. Como o Brasil era colônia de Portugal, seu território foi dividido em Capitanias Hereditárias. Muitos deles deram origem aos atuais Estados do Brasil; uma delas foi a Capitania de São Paulo. Assim, o Capitão-general equivalia a um governador.
- O Marquês de Pombal (Sebastião de Carvalho - 1699-1782) foi Primeiro-Ministro maçom do Reino de Portugal. Durante cerca de 25 anos impôs uma rigorosa perseguição contra a Igreja Católica e em 1759 expulsou os Jesuítas de Portugal e do Brasil.
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.