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A Humilhação de São José - 23 a 25 de Dezembro
- Parte I -

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Leremos o texto de Anna Catharina Emmerick que descreve a humilhação de São José ao chegar a Belém.

Estas revelações não são de fé, ou seja, pode-se ser um bom católico e não acreditar nelas, assim como se pode ser católico e nelas acreditar, desde que examinadas e estudadas pela devida Congregação Romana e consideradas ortodoxas.

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A antiga cidade de Belém, onde São José buscou hospedagem para a noite

Santo Inácio de Loyola e outros santos recomendam quando meditamos, ser muito útil imaginar o local onde ocorre a cena da meditação: Santo Inácio chamava essa operação mental de “composição de lugar.”

Como Anna Catharina Emmerick dá uma descrição muito detalhada de Belém ao relatar o que viu no nascimento de Nosso Senhor, aproveitaremos sua descrição para a “composição do lugar” em nossa meditação sobre São José, Nossa Senhora e o Infante Divino quando eles estavam lá.

Ela descreve de maneira muito precisa e às vezes pitoresca a chegada da Sagrada Família a Belém. Ela viu uma cidade pequena e expandida com casas a certa distância umas das outras. Em certas áreas ainda existem campos abertos na cidade; em outras partes as casas são mais densas.

Nossa Senhora e São José vão de um lado para o outro da cidade procurando um lugar para ficar. A razão de procurar um lugar é, mais imediatamente, proporcionar conforto e abrigo das intempéries, mas neste caso não é a principal. De fato, Nossa Senhora sabia que Nosso Senhor nasceria em Belém e comunicou esse fato a São José depois que um Anjo lhe apareceu e explicou que Ela havia concebido do Espírito Santo.

Era natural, então, que para tão augusto evento desejassem um lugar com um mínimo de dignidade. Assim podemos compreender o verdadeiro tormento sofrido por São José, mais do que o que Nossa Senhora sofreu. Como chefe da Sagrada Família, São José sentiu uma obrigação particular de encontrar um lugar digno para o nascimento da criança.

Assim, Anna Catharina Emmerick relata os vários locais onde procurou sem encontrar alojamento; finalmente ele foi para a caverna do pastor fora da cidade. A aflição de São José era enorme. Ele acreditava que seu insucesso se devia a alguma falha sua, um sinal de infidelidade.

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São José recebe uma rejeição após a outra

Catharina Emmerick escreve:

“Eles entraram em Belém, os edifícios estavam a alguma distância um do outro. A entrada era por paredes em ruínas, como se o portão tivesse sido destruído. Maria ficou com o burro bem na entrada da rua, enquanto José procurou em vão hospedar-se nas casas mais próximas.”

Podemos imaginar a sublimidade da cena: Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra, o Tabernáculo Vivo que trouxe o Salvador, de pé ao lado de um burrinho, enquanto o Patriarca São José, talvez o mais glorioso dos Santos, saindo de porta em porta pedindo um lugar em uma pequena rua de uma cidade muito pequena. Ficou ali sozinha, sem ninguém olhar para Ela.

“São José voltou para perto de Maria, dizendo que, como não havia abrigo ali, eles iriam mais longe na cidade.”

Vemos que eles começaram sua investigação nos arredores de Belém. Podemos imaginar o que São José poderia estar pensando no íntimo de sua alma: bastaria uma ordem de Nosso Senhor – e, portanto, um pedido de Nossa Senhora a Ele – para que aparecesse uma acomodação. Parece que era um assunto que dependia deles. Mas eles o deixaram abandonado, sem nenhuma ajuda! Por quê? Essa perplexidade aumentou seu sofrimento.

“São José conduzia o burro pela rédea e a Santíssima Virgem caminhava ao seu lado. Quando chegaram ao início de outra rua, Maria parou de novo junto ao burro, e José foi de casa em casa procurar pousada.”

A cena humilhante recomeça.

“Mas ele não encontrou nenhuma casa para recebê-los. Mais uma vez ele voltou tristemente. Isso aconteceu várias vezes, e a Santíssima Virgem muitas vezes teve que esperar muito.”

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Ninguém presta atenção em Nossa Senhora, que carrega o Salvador do mundo

É claro que São José ficou muito aflito ao ver Nossa Senhora ter de esperar tanto tempo, sobretudo no seu estado. Essa cascata de decepções e humilhações continuaria.

“Em todos os lugares as casas estavam cheias de gente, em todos os lugares ele foi rejeitado, então ele disse a Maria que eles iriam para outra parte de Belém, onde certamente encontrariam hospedagem.”

Veremos que ele conhecia algumas pessoas naquela parte e esperava que elas o ajudassem.

É preciso observar que naquela época não havia pousadas e era comum as pessoas terem um quarto de hóspedes em suas casas para receber amigos ou pessoas que necessitassem de hospedagem. Na Antiguidade isso era comum. Assim, foi extraordinário que São José não encontrasse lugar.

“Eles recuaram um pouco na direção de onde vieram e depois viraram para o sul. Seguiram hesitantes pela rua, que mais parecia uma estrada de terra, pois as casas eram construídas em encostas. Aqui, também, sua busca foi infrutífera.

“Do outro lado de Belém, onde as casas ficam mais afastadas, chegaram a um descampado mais baixo, como um campo, onde era mais solitário. Havia aqui uma espécie de telheiro e, não muito longe dele, uma grande árvore frondosa, com ramos sombreados como uma grande tília. O tronco era liso e os galhos espalhados formavam uma espécie de teto.

“José levou a Santíssima Virgem a esta árvore e fez dela um assento confortável contra seu tronco com seus fardos, para que ela pudesse descansar enquanto ele procurava abrigo nas casas próximas. O burro ficou com a cabeça voltada para a árvore. A princípio Maria ficou de pé, encostada no tronco da árvore.”


Que cena poética: uma bela árvore de grandes galhos num campo deserto onde as casas ficavam distantes umas das outras, o burrinho e, por fim, Nossa Senhora de pé e encostada na árvore. Era uma cena de uma beleza extraordinária, mas aquela gente não percebeu.

Como explicar essa rejeição? Essas pessoas eram as mesmas que, 33 anos depois, cometeriam o Deicídio. Eles não demonstraram que eram capazes daquele ato horrível? Alguém capaz de matar Nosso Senhor é capaz de passar perto de Nossa Senhora e não lhe dar atenção.

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São José é humilhado por não ter providenciado hospedagem digna para o Nascimento de Nosso Salvador

Anna Catharina Emmerick agora dá alguns detalhes femininos do vestido de Nossa Senhora:

“Seu amplo vestido de lã branca não tinha cinto e pendurava em torno dela em dobras. Sua cabeça estava coberta com um véu branco. Muitas pessoas passavam e olhavam para Ela, sem saber que seu Salvador e Redentor estava tão perto deles. Que paciente humildade e resignação Maria teve! Ah, ela teve que esperar muito, muito tempo; ela finalmente sentou-se no tapete que cobria os fardos. Ela sentou-se com a cabeça inclinada e as mãos cruzadas por cima do peito.”

É outra cena e posição muito bonita que Nossa Senhora assumiu: as mãos sobre o peito, a cabeça inclinada, a árvore frondosa, o burrinho como um bibelô, ao fundo o céu oriental.

“José voltou para Ela em grande angústia; ele não encontrou abrigo. Seus amigos, de quem ele havia falado com a Santíssima Virgem, mal o reconheceram.”

É muito humilhante para um chefe de família. Um homem normalmente diria: “Agora, irei visitar meus amigos que certamente nos receberão.” A esposa assim percebe sua boa posição com seus amigos. Mas este não é o caso. Ele volta para Ela e diz: “Eles não me reconheceram.”

Ele era um homem pobre e eles não prestaram atenção nele.

“Ele chorou e Maria o consolou. Ele foi mais uma vez de uma casa para outra, desta vez revelando a proximidade do parto de sua esposa como o principal motivo de seu pedido, ele se deparou com recusas ainda mais decididas.”

Anna Catharina Emmerick diz que quando ele explicou a situação dessa forma, a rejeição foi ainda mais enfática. As portas estavam fechadas para eles. É inconcebível! Mas assim foi... Aqueles que o recusaram em Belém foram os precursores daqueles que cometeriam o Deicídio.

Continua

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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.