O católico deve permanecer sozinho, se necessário, para defender a verdade
O arianismo, que negava a divindade de Cristo, estava no auge em meados do século IV. O Imperador Valente pressionou muito São Basílio para permanecer em silêncio e admitir os hereges à comunhão. São Basílio, Arcebispo de Cesaréia, permaneceu firme, e Valente recuou. Ele se esforçou poderosamente para unir e reunir seus companheiros católicos que estavam esmagados pela tirania e dilacerados pela dissensão interna. No final de sua vida, seus esforços podem ter parecido em vão. Sua saúde estava se deteriorando, os godos estavam às portas do Império Bizantino, Antioquia estava em cisma, os Bispos se recusavam a se reunir como ele desejava. No entanto, ele não fez concessões na doutrina para trazer os hereges à comunhão.
São Basílio descreve seu apostolado sucintamente: exponha o erro, preserve a Fé dos Padres integralmente e ajude os fiéis a evitarem seguir apóstatas que os levem para a condenação. Como São Basílio nos conta, ele se recusou absolutamente a permanecer em silêncio para ter paz. Ele aconselhou os fiéis a não seguirem a multidão, mas permanecerem completamente sozinhos, se necessário, para defender a verdade.
São Basílio de Cesaréia:
Que a Fé de nossos Pais seja proposta àqueles que estão enganados, mas de boa vontade, com toda ternura e caridade. Se eles concordarem, recebamo-los em nosso meio. Se eles não concordarem, habitemos sozinhos, independentemente de números; e mantenhamo-nos afastados de almas equivocadas, que não possuem aquela simplicidade sem dolo, indispensavelmente necessária nos primeiros dias do Evangelho.
Os crentes, como está escrito nas Escrituras, tinham apenas um coração e uma alma. Portanto, aqueles que nos censuram por não desejar a pacificação, marquem bem quem são os verdadeiros autores da perturbação. Que eles não peçam mais reconciliação de nossa parte.
A todo argumento especioso que pareça aconselhar silêncio de nossa parte, opomos este outro argumento, a saber, que a caridade não conta como nada, nem seus próprios interesses nem as dificuldades dos tempos. Mesmo que nenhum homem esteja disposto a seguir nosso exemplo, o que fazer então? Devemos abandonar o dever somente por essa razão? Na fornalha ardente, os filhos do cativeiro da Babilônia entoaram seu cântico ao Senhor, sem fazer nenhuma avaliação da multidão que deixou a verdade de lado. Eles eram suficientes um para o outro, apenas três como eles eram! …
Então, animem-se! sob cada golpe, renovem-se no amor; deixem seu zelo ganhar força a cada dia, sabendo que em vocês devem ser preservados os últimos resquícios de piedade que o Senhor, em Seu retorno, pode encontrar na terra. …
Não deem atenção ao que a multidão pode pensar, pois um mero sopro de vento é suficiente para balançar a multidão para frente e para trás, como a onda ondulante. Mesmo que apenas um fosse salvo, como no caso de Ló de Sodoma, não seria lícito para ele se desviar do caminho da retidão, meramente porque ele descobre que ele é o único que está certo. Não; ele deve ficar sozinho, impassível, mantendo firme sua esperança em Jesus Cristo.”
São Basílio de Cesaréia, Epístola 128
Postado em 23 de novembro de 2024
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