O Santo do Dia
São Simão de Crépy - 30 de Setembro
Seleção Biográfica:
Simão nasceu em 1048, filho do conde Raul de Vermandois, porta-estandarte do Rei da França. Quando o Rei declarava guerra, o Conde de Vermandois, o defensor militar da Abadia de São Denis, ia ali se ajoelhar junto ao túmulo do Santo Padroeiro da França.
Então, de acordo com um ritual sagrado, ele receberia a auriflama, o estandarte de batalha do Rei. Este alto privilégio passou da família de São Simão, que o deu junto com seus domínios consideráveis aos Reis da França.
Simão foi criado na corte de Guilherme, o Conquistador, na Normandia, e aos 16 anos foi enviado à Corte francesa para cumprir sua função de porta-estandarte.
Simão era um companheiro íntimo do jovem Rei Filipe I, mas esse período não foi bom para ele, pois adquiriu uma obsessão pelo prazer. Um dia, durante uma difícil caçada, ele jurou que depois disso amaria apenas o mal e odiaria o bem.
Aos 26 anos, ele entrou na posse dos domínios da família e foi obrigado a travar uma guerra contra o Rei Filipe I, que queria usurpar suas propriedades. Abalado por esta ação do Soberano, Simão foi tocado pela graça e decidiu mudar de vida.
Aproveitando uma trégua de Deus, ele foi à Itália para visitar os túmulos dos Santos Apóstolos e pedir ao Papa Gregório VII a absolvição geral. Ele se apresentou ao Pontífice com uma armadura magnífica. Do Papa ele ouviu estas palavras: “A armadura não é um traje de penitência. Se você quiser a absolvição, deve começar por despojá-la ou a absolvição não terá valor.”
Então, depois de remover os símbolos de seu poder e ser açoitado pelo Pontífice e dois religiosos presentes na audiência, ele recebeu o perdão papal.
Posteriormente, São Gregório VII devolveu a armadura para ele, ordenando-lhe que voltasse aos seus domínios para lutar até que pudesse alcançar uma paz duradoura.
Retornando de Roma, Simão teve que enfrentar outro problema. Alguns nobres estavam tentando apressar seu casamento com a filha do Conde de Auvergne. Mas a jovem, que como Simão não queria se casar, fugiu para o convento de La Chaise Dieu.
Então, William, Rei da Inglaterra, ofereceu-lhe a mão de sua filha, Adele. Simão, argumentando que seu parentesco com a jovem era muito próximo, entrou na Abadia de Saint Claude. Seu exemplo influenciou incontáveis nobres de alto escalão a seguir seu exemplo e se tornar monges.
Havia tantos senhores feudais entrando nos mosteiros que São Gregório VII ficou preocupado. Ele escreveu a Santo Hugo, Abade de Cluny, afirmando que todas as calamidades vêm da falta de bons príncipes. Mas a Divina Providência não permitiu que nenhum lugar fosse prejudicado por causa dessas sagradas vocações.
Como religioso, Simão adquiriu um comportamento tão ascético que foi capaz de converter o coração mais duro. Ele prestou incontáveis serviços ao Papado, atuando como embaixador papal junto a Filipe I, que estava oprimindo a Igreja, bem como junto a Guilherme da Inglaterra e seu filho Roberto, que pegara em armas contra seu pai; finalmente, ele fez negociações com Roberto Guiscardo, Duque da Puglia. Todas essas missões foram coroadas de sucesso.
Ele então desejou retornar ao seu eremitério, mas São Gregório VII o aconselhou a ir ao túmulo de São Pedro e pedir que o Apóstolo o inspirasse. Simão passou a noite rezando e ao amanhecer caiu gravemente doente. Ele pediu ao Papa para ouvir sua confissão - a última. São Gregório se apressou a ele e também administrou os Últimos Ritos e deu-lhe o Viático. Era 30 de setembro de 1080. Simão tinha apenas 32 anos.
Comentários do Prof. Plinio:
É uma belíssima seleção que merece alguns comentários: Primeiro, quanto às linhas gerais da vida do Santo; segundo, com relação a alguns de seus detalhes.
A linha geral é que ele era um homem de alta linhagem, uma daquelas famílias quase reais que existiam na época do feudalismo. Ele era um amigo de infância do Rei da França e criado na corte do futuro Rei da Inglaterra. Era um jovem conhecido e ligado ao sangue real da Europa que desde muito cedo recebeu um cargo honorífico na França, onde teve extensas terras em Vermandois.
Recebeu a missão honorífica de ser o porta-estandarte do Rei da França quando ele entrasse em combate. Era uma missão que exigia que ele estivesse na Corte do Rei Filipe I. Mas a Corte da França era um lugar de prazer, e quando os prazeres são esplêndidos e atraentes, eles suavizam a alma: eles dão à alma uma sede de delícias, afastando a alma da disposição de sofrer. Imerso nesta vida de prazer, tão diferente da vida austera que levava em sua província, Simão desviou-se do bom caminho e jurou amar o mal e odiar o bem. Ou seja, ele praticamente se consagrou ao Demônio.
Então, uma vida de decepções começou: o Rei, que era o centro daqueles prazeres, se voltou contra ele e queria confiscar seu feudo. O Rei iniciou uma guerra dura contra ele, pois, como Rei, ele era muito mais poderoso do que o Conde. Simão teve de suportar aquela guerra e, conforme ela progredia, ele recobrou os sentidos.
Na Idade Média, a Igreja impôs alguns períodos de paz nas guerras entre os católicos. Esses períodos foram chamados de Trégua de Deus. Assim, a paz foi imposta em vários dias santos, mas também por longos períodos como a Quaresma, o Advento e outras épocas do ano. Simão aproveitou um desses longos períodos e foi visitar o Papa.
Foi fazer penitência pelo fato de ter, por assim dizer, se entregado ao Diabo. Visto que ele era um senhor feudal de alta posição, compareceu perante o Papa com uma armadura magnífica, em parte para homenagear o Soberano Pontífice porque os Reis e os senhores feudais apareceriam em suas melhores roupas na corte papal.
São Gregório VII foi a personificação da coerência, retidão e força. Os Srs. se lembram do famoso episódio dele com Henrique IV, Imperador do Sacro Império Romano Alemão. Este último teve de permanecer três dias na neve fora do Castelo de Canossa vestido de penitente e pedindo perdão ao Papa pelos enormes pecados que havia cometido. O Papa o deixou ali e só abriu as portas do Castelo para recebê-lo e perdoá-lo por causa da forte pressão daqueles que estavam com ele. Somente por esta razão ele recebeu Henrique IV e o restabeleceu no Trono Imperial.
Assim, os Srs. podem compreender as palavras de São Gregório a Simão de Crépy. Ele disse: “Vindes para fazer penitência nesta armadura esplêndida? Vós deveis aparecer humildemente em trajes de penitente; do contrário, a absolvição será nula.” Por que ele disse isso? Porque a humilde vestimenta externa era uma manifestação de arrependimento. Nenhum perdão é válido a menos que o homem esteja arrependido.
Em seguida, o Papa pegou um chicote e o castigou. Novamente, é perfeitamente lógico: ele não se entregou ao Diabo? Ele não renunciou a Deus? Portanto, era bom, nobre e apropriado que este pecador recebesse sua penitência das mãos do Vigário de Cristo para ser restaurado ao estado de graça. São Gregório VII pegou o chicote e infligiu-lhe uma forte penitência. Não foi apenas um castigo simbólico; na Idade Média, as penitências eram reais. Então, o Papa pediu a dois monges fortes para completar o trabalho.
Aqui vemos a seriedade da Idade Média, algo tão pouco conhecido pelos homens de nossos dias. Quando uma pessoa se consagrava a Nossa Senhora, esse ato era para toda a vida; quando uma pessoa se consagrava ao Diabo, também era um ato sério. Não era apenas uma blasfêmia passageira para ser descartada levianamente. O resultado é que, quando chegou a hora da penitência, ele teve que ser realmente espancado. Então, o Papa fez isso.
Vamos imaginar um homem poderoso de nossos dias - infelizmente, as coisas se tornaram tão decadentes que os grandes homens de hoje estão na indústria. Então, imagine um diretor da General Motors que vai a Roma para pedir ao Papa que lhe dê uma penitência. Que surpresa ele ficaria se Pio XII, digamos, pegasse um chicote e o espancasse como penitência. O homem provavelmente ficaria indignado. Ele poderia até tentar revidar o Papa. As coisas mudaram tanto que hoje esta cena com o Papa Gregório VII e Simão de Crépy seria quase impossível de acontecer.
Naquela época, a penitência era levada a sério, e o Conde voltou para suas terras um homem completamente mudado.
Continua
A seção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
Simão nasceu em 1048, filho do conde Raul de Vermandois, porta-estandarte do Rei da França. Quando o Rei declarava guerra, o Conde de Vermandois, o defensor militar da Abadia de São Denis, ia ali se ajoelhar junto ao túmulo do Santo Padroeiro da França.
Então, de acordo com um ritual sagrado, ele receberia a auriflama, o estandarte de batalha do Rei. Este alto privilégio passou da família de São Simão, que o deu junto com seus domínios consideráveis aos Reis da França.
O Conde de Vermandois teve a honra de ser o porta-estandarte da Auriflama
Simão era um companheiro íntimo do jovem Rei Filipe I, mas esse período não foi bom para ele, pois adquiriu uma obsessão pelo prazer. Um dia, durante uma difícil caçada, ele jurou que depois disso amaria apenas o mal e odiaria o bem.
Aos 26 anos, ele entrou na posse dos domínios da família e foi obrigado a travar uma guerra contra o Rei Filipe I, que queria usurpar suas propriedades. Abalado por esta ação do Soberano, Simão foi tocado pela graça e decidiu mudar de vida.
Aproveitando uma trégua de Deus, ele foi à Itália para visitar os túmulos dos Santos Apóstolos e pedir ao Papa Gregório VII a absolvição geral. Ele se apresentou ao Pontífice com uma armadura magnífica. Do Papa ele ouviu estas palavras: “A armadura não é um traje de penitência. Se você quiser a absolvição, deve começar por despojá-la ou a absolvição não terá valor.”
Então, depois de remover os símbolos de seu poder e ser açoitado pelo Pontífice e dois religiosos presentes na audiência, ele recebeu o perdão papal.
Posteriormente, São Gregório VII devolveu a armadura para ele, ordenando-lhe que voltasse aos seus domínios para lutar até que pudesse alcançar uma paz duradoura.
Retornando de Roma, Simão teve que enfrentar outro problema. Alguns nobres estavam tentando apressar seu casamento com a filha do Conde de Auvergne. Mas a jovem, que como Simão não queria se casar, fugiu para o convento de La Chaise Dieu.
Um comportamento que poderia converter o coração obstinado
Havia tantos senhores feudais entrando nos mosteiros que São Gregório VII ficou preocupado. Ele escreveu a Santo Hugo, Abade de Cluny, afirmando que todas as calamidades vêm da falta de bons príncipes. Mas a Divina Providência não permitiu que nenhum lugar fosse prejudicado por causa dessas sagradas vocações.
Como religioso, Simão adquiriu um comportamento tão ascético que foi capaz de converter o coração mais duro. Ele prestou incontáveis serviços ao Papado, atuando como embaixador papal junto a Filipe I, que estava oprimindo a Igreja, bem como junto a Guilherme da Inglaterra e seu filho Roberto, que pegara em armas contra seu pai; finalmente, ele fez negociações com Roberto Guiscardo, Duque da Puglia. Todas essas missões foram coroadas de sucesso.
Ele então desejou retornar ao seu eremitério, mas São Gregório VII o aconselhou a ir ao túmulo de São Pedro e pedir que o Apóstolo o inspirasse. Simão passou a noite rezando e ao amanhecer caiu gravemente doente. Ele pediu ao Papa para ouvir sua confissão - a última. São Gregório se apressou a ele e também administrou os Últimos Ritos e deu-lhe o Viático. Era 30 de setembro de 1080. Simão tinha apenas 32 anos.
Comentários do Prof. Plinio:
É uma belíssima seleção que merece alguns comentários: Primeiro, quanto às linhas gerais da vida do Santo; segundo, com relação a alguns de seus detalhes.
A linha geral é que ele era um homem de alta linhagem, uma daquelas famílias quase reais que existiam na época do feudalismo. Ele era um amigo de infância do Rei da França e criado na corte do futuro Rei da Inglaterra. Era um jovem conhecido e ligado ao sangue real da Europa que desde muito cedo recebeu um cargo honorífico na França, onde teve extensas terras em Vermandois.
Os prazeres da vida na corte desviaram Simão
do bom caminho
Então, uma vida de decepções começou: o Rei, que era o centro daqueles prazeres, se voltou contra ele e queria confiscar seu feudo. O Rei iniciou uma guerra dura contra ele, pois, como Rei, ele era muito mais poderoso do que o Conde. Simão teve de suportar aquela guerra e, conforme ela progredia, ele recobrou os sentidos.
Na Idade Média, a Igreja impôs alguns períodos de paz nas guerras entre os católicos. Esses períodos foram chamados de Trégua de Deus. Assim, a paz foi imposta em vários dias santos, mas também por longos períodos como a Quaresma, o Advento e outras épocas do ano. Simão aproveitou um desses longos períodos e foi visitar o Papa.
Foi fazer penitência pelo fato de ter, por assim dizer, se entregado ao Diabo. Visto que ele era um senhor feudal de alta posição, compareceu perante o Papa com uma armadura magnífica, em parte para homenagear o Soberano Pontífice porque os Reis e os senhores feudais apareceriam em suas melhores roupas na corte papal.
São Gregório VII foi a personificação da coerência, retidão e força. Os Srs. se lembram do famoso episódio dele com Henrique IV, Imperador do Sacro Império Romano Alemão. Este último teve de permanecer três dias na neve fora do Castelo de Canossa vestido de penitente e pedindo perdão ao Papa pelos enormes pecados que havia cometido. O Papa o deixou ali e só abriu as portas do Castelo para recebê-lo e perdoá-lo por causa da forte pressão daqueles que estavam com ele. Somente por esta razão ele recebeu Henrique IV e o restabeleceu no Trono Imperial.
Papa São Gregório VII: A personificação da coerência, retidão e força
Em seguida, o Papa pegou um chicote e o castigou. Novamente, é perfeitamente lógico: ele não se entregou ao Diabo? Ele não renunciou a Deus? Portanto, era bom, nobre e apropriado que este pecador recebesse sua penitência das mãos do Vigário de Cristo para ser restaurado ao estado de graça. São Gregório VII pegou o chicote e infligiu-lhe uma forte penitência. Não foi apenas um castigo simbólico; na Idade Média, as penitências eram reais. Então, o Papa pediu a dois monges fortes para completar o trabalho.
Aqui vemos a seriedade da Idade Média, algo tão pouco conhecido pelos homens de nossos dias. Quando uma pessoa se consagrava a Nossa Senhora, esse ato era para toda a vida; quando uma pessoa se consagrava ao Diabo, também era um ato sério. Não era apenas uma blasfêmia passageira para ser descartada levianamente. O resultado é que, quando chegou a hora da penitência, ele teve que ser realmente espancado. Então, o Papa fez isso.
Vamos imaginar um homem poderoso de nossos dias - infelizmente, as coisas se tornaram tão decadentes que os grandes homens de hoje estão na indústria. Então, imagine um diretor da General Motors que vai a Roma para pedir ao Papa que lhe dê uma penitência. Que surpresa ele ficaria se Pio XII, digamos, pegasse um chicote e o espancasse como penitência. O homem provavelmente ficaria indignado. Ele poderia até tentar revidar o Papa. As coisas mudaram tanto que hoje esta cena com o Papa Gregório VII e Simão de Crépy seria quase impossível de acontecer.
Naquela época, a penitência era levada a sério, e o Conde voltou para suas terras um homem completamente mudado.
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Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.